O novo coronavírus pode ter-se desdobrado em dois tipos: um mais leve e outro mais agressivo. A conclusão é de um novo estudo da Universidade de Pequim e do Instituto Pasteur de Xangai. Porém, a maioria dos especialistas acredita que uma futura vacina pode resolver o problema.
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Desde o final de dezembro do ano passado que o Covid-19 provocou mais de três mil mortes em todo o mundo. O número de infetados aumenta todos os dias: já são mais de 90 mil pessoas com casos confirmados de coronavírus em 78 países (incluindo Portugal). Apesar de algumas recuperações -- cerca de 50 mil pessoas escaparam ao Covid-19 na China --, a pneumonia viral continua a alarmar. Um novo estudo da Escola de Ciências da Vida da Universidade de Pequim e do Instituto Pasteur de Xangai avança que o vírus evoluiu para duas linhagens diferentes: uma delas será mais severa e tem um contágio mais rápido.
O grupo de cientistas divide o novo coronavírus, que surgiu pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan, no "tipo S", mais leve e menos contagioso, e o "tipo L", que surgiu mais tarde e será mais perigoso. Os novos tipos de vírus são responsáveis por 70% dos casos atuais de Covid-19. Um homem nos Estados Unidos da América e outro no Brasil estarão infetados com estas duas linhagens do coronavírus.
Stephen Griffin do Instituto de Pesquisa Médica de Leeds, no Reino Unido, ouvido pelo "Telegraph", afirma que as mudanças no coronavírus ocorrem na proteína chamada "spike", que desempenha um papel importante na evolução da infeção e na eficácia das vacinas. Porém, o cientista desdramatiza: para Griffin, o "tipo S" e "tipo L" são alterações "limitadas" e não deverão ser um obstáculo no combate à doença.
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O novo estudo tornou-se alarmante para alguns setores da sociedade do Reino Unido, onde as autoridades médicas alertaram para a possibilidade de a região receber "ondas múltiplas" de casos confirmados por Covid-19 e de as vacinas não surtirem o efeito desejado. O país tem pelo menos 85 casos confirmados, sendo que 32 pessoas tiveram testes positivos de coronavírus só esta terça-feira.
Jonathan Ball, especializado em virologia, confessou que os novos tipos de vírus poderiam afetar a produção de vacinas, mas contrapôs que o estudo precisava de ser replicado no Reino Unido. "Estamos cautelosos a interpretar este tipo de estudos baseados em computadores, por mais interessantes que sejam", disse. No documento publicado esta terça-feira, os cientistas da Universidade de Pequim e do Instituto Pasteur de Xangai analisaram 103 pessoas infetadas.
O grupo registou uma diminuição do "tipo S" nos doentes, o que pode dever-se às medidas de saúde pública implementadas na China, desde quarentenas à interrupção temporária de postos de trabalho. No entanto, a descrição feita no novo estudo não é encarada de forma isenta por outros especialistas. "Nós não sabemos a verdadeira imagem da China", acrescentou Bharat Pankhania da Faculdade de Medicina da Universidade de Exeter, na Inglaterra.
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Entre a discórdia de opiniões e a preocupação crescente no Reino Unido, o "Telegraph" esclarece que o pior cenário traçado pelo governo britânico é de 80% das pessoas infetadas com Covid-19, com uma possível taxa de mortalidade a recair sobre os idosos e os mais frágeis.
Os especialistas governamentais estimam que o surto poderá durar entre quatro e seis meses no Reino Unido. Mais de 30 laboratórios em todo o mundo estão a desenvolver a vacina para combater o surto, mas esta só deverá a começar a ser testada em humanos em abril. Se forem bem-sucedidos, a distribuição em larga escala da vacina apenas será possível em 2021.
Secretário de Estado da Saúde britânico pede para cantar e lavar as mãos
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Desde que foram conhecidos os 85 casos confirmados de coronavírus no Reino Unido, as medidas de prevenção espalharam-se nos meios de comunicação britânicos. De acordo com "The Guardian", o secretário de Estado da Saúde Matt Hancock sugeriu que os cidadãos deveriam lavar mãos enquanto cantavam "Happy Birthday" (a versão anglo-saxónica da canção "Parabéns" em Portugal). E porquê? São precisamente 20 segundos: o tempo recomendado para desinfetar bem as mãos.
Contudo, o jornal britânico decidiu deixar outras sugestões de canções adequadas para esta medida preventiva de infeção por coronavírus. Entre as sugestões do "The Guardian" estão os refrãos das canções "Stayin' Alive" dos Bee Gees, "4'33" do John Cage e "Jolene" de Dolly Parton.
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