Costa diz na ONU que palestinianos também têm direito à segurança e a viver num Estado viável
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, defendeu esta quinta-feira que o povo palestiniano também tem o mesmo direito de Israel à segurança e a viver num Estado viável, avaliando que esse é o único caminho para a paz.
Corpo do artigo
No debate de alto nível perante a Assembleia-Geral da ONU, António Costa salientou que uma solução negociada de dois Estados é o único caminho para a paz, assim como para segurança e dignidade de ambos os povos - israelitas e palestinianos.
"Esta é a solução que procuramos", frisou, tendo ainda referindo-se à situação em Gaza como uma "catástrofe humanitária".
Admitindo que a União Europeia não conseguirá responder isoladamente à situação em Gaza, Costa pediu uma resposta coletiva, em "que todos assumam as suas responsabilidades".
"Devemos agir em conjunto e exigir a libertação incondicional de todos os reféns, um cessar-fogo imediato, acesso humanitário pleno e desimpedido, o fim dos colonatos ilegais e um compromisso renovado e credível com uma solução de dois Estados", disse.
"Nenhum país estará a salvo"
Já sobre a Ucrânia, Costa recordou que uma nação soberana foi brutalmente atacada por um membro permanente do Conselho de Segurança, em clara violação da Carta das Nações Unidas. "Esta agressão ameaça não só a Ucrânia. Ameaça todas as nações nesta Assembleia", alertou.
"Se aceitarmos a invasão da Ucrânia pela Rússia, nenhum país estará a salvo. Existe apenas uma causa raiz para esta guerra: a recusa da Rússia em aceitar o direito da Ucrânia de escolher o seu próprio destino", acrescentou o ex-primeiro-ministro português.
A União Europeia mantém-se firme no apoio à Ucrânia, assegurou António Costa, prometendo continuar a pressionar Moscovo para pôr fim à guerra.
No seu discurso, no qual falou em inglês, francês e espanhol, o presidente do Conselho Europeu abordou ainda a necessidade de regulamentar a Inteligência Artificial e defendeu que essa tecnologia seja centrada no ser humano.
Afirmou igualmente que as alterações climáticas não são "'fake news'" [notícias falsas], dois dias depois de, no mesmo palco, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter ridicularizado a ciência climática.
"A destruição e as mortes provocadas por incêndios, inundações e furacões não são inventadas: são algo muito real. Além disso, investir na descarbonização é fundamental para a soberania energética de cada país, para a inovação e para a competitividade das nossas economias", argumentou.
Por essa razão, a União Europeia abraça plenamente os compromissos do Acordo de Paris, visando reduzir as emissões em 55% até 2030 e alcançar a neutralidade climática até 2050, disse.
Por último, o líder europeu defendeu avanços na reforma da arquitetura financeira internacional, para que se torne mais justa, mais inclusiva e adaptada aos desafios atuais.
"Numa altura em que o multilateralismo está ameaçado, permitam-me que vos deixe uma promessa simples: Podem contar com a União Europeia. Contem connosco para defender a paz. Pelo multilateralismo. Pela justiça. Pela dignidade humana. Pela sustentabilidade", concluiu.