Depois de os Estados Unidos terem abatido o objeto de espionagem chinês, Pequim também faz acusações.
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Só este mês, os EUA já abateram pelo menos quatro objetos voadores que, segundo a Casa Branca, estavam a sobrevoar o espaço aéreo norte-americano. O primeiro a ser identificado foi um balão espião chinês que estaria a ser usado para observar bases militares. Apesar de o Governo chinês ter negado as intenções, acusou os EUA de terem invadido o espaço aéreo chinês com recurso ao mesmo método. A "crise dos balões" abre assim a porta a uma escalada da tensão entre os países e começa a levantar questões de segurança interna.
4 de fevereiro: balão chinês abatido
O balão espião chinês foi visto pela primeira vez a 28 de janeiro, no Alasca, mas só foi abatido uma semana depois. Apesar de a China ter alegado que o objeto se tratava de um aparelho para fins meteorológicos, os EUA garantem que era um balão equipado para detetar sinais de inteligência.
Tendo em conta a dimensão do aparelho, as forças de Washington aguardaram pelo momento em que o balão se deslocava sobre a água para o abater. A atitude foi descrita por Pequim como "exagerada" e fez escalar a tensão já existente. Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, cancelou uma viagem à capital do gigante asiático por considerar a situação "inaceitável". Por sua vez, Pequim recusou um telefonema do chefe do Pentágono, Lloyd Austin, logo após o aniquilamento do objeto.
10 de fevereiro: objeto incógnito no Alasca
Quase uma semana depois, as forças norte-americanas derrubaram um "objeto desconhecido" que atravessava novamente a costa do Alasca. Este aparelho tinha características diferentes do balão detetado antes, não havendo, à primeira vista, ligações a Pequim. O aparelho encontrava-se a uma altitude de 12 mil metros, mas chegou a representar uma ameaça à segurança aérea. Os destroços do aparelho caíram em águas congeladas, mas, para já, mantém-se a incógnita sobre a entidade do responsável.
11 de fevereiro: Canadá visado
No dia seguinte, um caça dos EUA abateu outro objeto desconhecido, mas desta vez em Yukon, no Canadá. Embora o dispositivo tivesse sido descrito como cilíndrico, mais uma vez não ficou claro do que se tratava. No entanto, o primeiro-ministro, Justin Trudeau, assegurou que "violou o espaço aéreo" do Canadá, o que levantou temores de falta de segurança também no país.
12 de fevereiro: Espaço aéreo fechado
Um objeto com uma estrutura octogonal e cordas penduradas foi detetado a sobrevoar o Lago Huron, no Michigan, o que obrigou ao encerramento do espaço aéreo até que fosse abatido.
A sucessão de acontecimentos está a levar, informa o "The New York Times", ao crescimento de várias teorias. As autoridades dos EUA não descartam que todos os objetos voadores possam pertencer à China, podendo ter como objetivo testar as capacidades de deteção. Para já, ainda não há respostas, mas Joe Biden nomeou esta segunda-feira uma equipa para as encontrar. Os especialistas da Casa Branca vão estudar os objetos e perceber se representam um risco para a segurança nacional.
China acusa EUA de espiar com balões
O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse que balões norte-americanos sobrevoaram pelo menos dez vezes a China durante o ano passado. "É comum que balões dos EUA entrem ilegalmente no espaço aéreo de outros países. Os EUA devem refletir e mudar de atitude antes de iniciarem a confrontação", retaliou o Executivo de Pequim, após as forças americanas terem abatido um balão chinês. A Casa Branca recusou as acusações que considera serem "falsas".
À margem
Taiwan
O Governo de Taiwan tem observado, nos últimos anos, vários alegados balões espiões chineses no seu espaço aéreo, noticiou o "Financial Times". "Vêm com muita frequência", disse um responsável em declarações ao jornal.
NATO
O recente abate de objetos voadores não identificados "destaca a importância" de o bloco reforçar a capacidade de defender o seu espaço aéreo, frisa o secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg.
Reino Unido
O Governo britânico fará "o que for preciso" para manter o país seguro de objetos que surjam no espaço aéreo do Reino Unido, assegurou o primeiro-ministro Rishi Sunak.