Mais de dois quilómetros de areal foram desinfetados com lixívia numa praia em Zahara de los Atunes, na província de Cádiz, Espanha, para que as crianças pudessem brincar. Vários ambientalistas defendem que a medida causou graves danos no ecossistema local.
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Tratores pulverizaram o areal um dia após o Governo espanhol permitir a circulação de crianças no exterior.
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María Dolores Iglesias, presidente da associação de voluntários ambientais de Trafalgar, disse esta quarta-feira à BBC que assistiu aos danos causados depois de uma visita à praia em Zahara de los Atunes. "Mataram tudo, não se vê nada na areia, nem mesmo insetos", alertou, lembrando que a vida animal tinha sido intensificada devido à ausência humana que se prolongou por quase 40 dias. "Não pensaram que isto é um ecossistema vivo, pensaram que é apenas terra."
A Greenpeace de Espanha também reportou o seu desagrado no Twitter, comparando a situação com as mais recentes declarações de Donal Trump. "Desinfetar praias durante o período de reprodução das aves ou de desenvolvimento dos invertebrados que apoiam a pesca local destruirá o valor turístico da costa" lê-se na publicação. "Não é uma das ideias de Trump". Cerca de 20 ninhos de Tarambola, ave que deposita os seus ovos na areia, terão sido dizimados.
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Fumigar con lejía playas en plena época de cría de aves o de desarrollo de la red de invertebrados que sustentarán la pesca costera y destrozar el valor turístico del litoral, no es una de las ideas de Trump. Está ocurriendo en Zahara de los Atunes https://t.co/afCFLg1sVG
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As autoridades, que tinham em vista a segurança da praia face ao eventual contágio da Covid-19, fizeram um pedido de desculpas oficial assim que se aperceberam do erro. Agustín Conejo, funcionário municipal, admitiu que foi uma "jogada errada", mas teve "a melhor das intenções", priorizando a proteção das crianças que iam ver o mar depois de seis semanas fechadas.
Ao que apurou o jornal espanhol El País, o Governo da Andaluzia está a considerar multar as autoridades locais pelo sucedido.