A comissão de peritos encarregada de analisar a segurança das centrais nucleares alemães, após a catástrofe de Fukushima, apontou algumas deficiências, mas não recomendou data limite para encerrar os reactores ainda em funcionamento.
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Um dos pontos fracos das centrais nucleares alemãs, segundo o relatório apresentado, esta terça-feira, em Berlim, é a falta de protecção contra eventuais quedas de aviões de grande porte, "mas possivelmente poderão ser apetrechadas com tais meios", afirma-se no documento.
Sete das centrais mais antigas também não têm protecção contra a queda de aeronaves mais pequenas.
Durante a apresentação do relatório, o ministro federal do ambiente, Norbert Roettgen, sublinhou que a Alemanha "assumiu um papel pioneiro, a nível internacional", no que se refere à avaliação das consequências da energia atómica para fins civis, refutando críticas de ambientalistas que os trabalhos da comissão tenham sido realizados com base em informações desactualizadas.
O relatório era aguardado com grande expectativa, depois de o governo ter revisto a sua decisão de prorrogar o encerramento das 17 centrais nucleares ativas, em média, por mais 12 anos, para além dos prazos estipulados em 2003 pelo anterior executivo social democrata e ambientalista.
A chanceler Angela Merkel justificou a sua decisão com a necessidade de reavaliar o risco que as centrais nucleares podem representar, à luz dos acontecimentos em Fukushima, os mais graves desde a catástrofe de Chernobil, na extinta União Soviética, há 25 anos.
Vários inquéritos à opinião pública já tinham revelado que a maioria dos alemães exige o encerramento das centrais nucleares mais depressa do que estava previsto.
Já antes do desastre em Fukushima o movimento contra as centrais nucleares, conhecido pela palavra de ordem "Nuclear Não, Obrigado", tinha regressado em força às ruas, tal como nos anos 1980, liderado pelos ambientalistas ligados aos Verdes.
Após os graves acontecimentos no Japão, que levaram à evacuação da zona onde se situa a central nuclear de Fukushima, num raio de 30 quilómetros, chegando a temer-se mesmo que as radiações chegassem à capital, Tóquio, os protestos contra a energia nuclear na Alemanha ganharam expressão ainda maior.