Sob a vigilância de dois navios da Marinha Real britânica, dezenas de embarcações de pesca francesas juntaram-se, esta quinta-feira, diante do porto da capital da ilha anglo-normanda de Jersey, em protesto contra as condições de pesca impostas após o Brexit.
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Os cerca de 50 barcos de pesca franceses que estavam ao largo de Jersey para protestar contra as condições de pesca impostas depois do Brexit começaram esta quinta-feira à tarde a deixar as águas da Ilha do Canal.
"A demonstração de força está feita. É aos políticos que cabe decidir. (...) Agora, se não tivermos sucesso, a ministra deve apagar a luz", disse o presidente da Comissão regional de pesca da Normandia, Dimitri Rogoff.
A ministra do Mar francesa, Annick Girardin, avisou na terça-feira que a França estava pronta para tomar "medidas retaliatórias", acusando Jersey de protelar a emissão de licenças para barcos franceses, dentro dos termos do acordo comercial pós-Brexit do Reino Unido com a União Europeia (UE).
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O governo de Jersey esteve reunido com pescadores franceses que se concentraram junto ao porto de Saint Hélier, tendo, a certa altura, ameaçado impedir a chegada de outros barcos, o que não chegou a acontecer.
Na origem do conflito está a publicação, na sexta-feira, de uma lista de 41 barcos franceses autorizados a pescar até o final do ano nas águas de Jersey, mas com limitações de tempo, de espécies que podem capturar e de equipamento que podem usar.
Na opinião das comissões regionais de pesca da Normandia e da Bretanha, essas limitações impostas por Jersey "não estão previstas" no Acordo de Comércio pós-Brexit, assinado em 24 de dezembro entre o Reino Unido e a União Europeia, e, de qualquer maneira, as alterações técnicas devem ser comunicada com "antecedência suficiente".
Don Thompson, da Associação de Pescadores de Jersey, sublinhou, por sua vez, que os seus colegas franceses "tiveram desde 1 de janeiro para se adaptarem ao novo regulamento", e sugeriu que os afetados são aqueles "que não cumprem os requisitos".
Dois navios da Marinha Real, o HMS Severn e o HMS Tamar, foram destacados para o local do protesto para "vigiar a situação", segundo um porta-voz do Ministério da Defesa britânico, referindo "uma medida estritamente preventiva acordada com o governo de Jersey".
Estas "manobras" britânicas "não nos devem impressionar", declarou à AFP o secretário de Estado para os Assuntos Europeus francês, Clément Beaune.
De acordo com as autoridades marítimas francesas, foram enviados para a zona dois navios-patrulha franceses.