O Japão anunciou, esta terça-feira, que as águas residuais radioativas tratadas e diluídas da central nuclear de Fukushima Daiichi serão lançadas no oceano a partir de quinta-feira. Uma medida que alarma países vizinhos, com manifestações na Coreia do Sul e a China a restringir importações de produtos alimentares.
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Hong Kong anunciou hoje a imposição "imediata de medidas de controlo da importação" de produtos japoneses, horas após o Japão revelar que as águas da central de Fukushima vão começar a ser lançadas no oceano.
"Instruí imediatamente o secretário para o Ambiente e Ecologia e os departamentos relevantes para imporem de imediato medidas de controlo de importações", disse o líder do Governo da região chinesa de Hong Kong, John Lee Ka-chiu. Uma declaração proferida horas após o Japão revelar que as águas da central de Fukushima vão começar a ser lançadas no oceano, mais de 12 anos após o acidente nuclear naquela instalação, a 11 de março de 2011.
Numa publicação na rede social Facebook, John Lee Ka-chiu disse que a medida serve para "proteger a segurança alimentar e a saúde pública de Hong Kong, as principais prioridades do governo".
O chefe do executivo do território disse que a decisão do Japão é "uma medida sem precedentes" que acarreta "riscos inevitáveis para a segurança alimentar, assim como poluição e danos irreversíveis ao ambiente marinho".
"Oponho-me fortemente a intencionalmente impor os meus próprios problemas aos outros", acrescentou John Lee.
China continental também já tinha proibido a importação de alguns alimentos
A China continental também já tinha proibido a importação de alguns alimentos de dez províncias do Japão.
Na segunda-feira, um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, defendeu que descarregar a água no oceano "não é a opção mais segura ou mais prudente".
"O Japão simplesmente escolheu-a para reduzir os custos económicos. Isto representará riscos desnecessários para os países vizinhos e para o resto do mundo", lamentou Wang, numa conferência de imprensa.
No final de junho, o comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês em Macau criticou o plano japonês, classificando-o de irresponsável e de violar o direito internacional.
Protestos na Coreia do Sul
Apesar de ter sido aprovado pela Agência Internacional de Energia Atómica, o plano levantou preocupações nos países vizinhos, provocando protestos de rua na Coreia do Sul.
Isto apesar de o Governo de Seul ter realizado vários testes para demonstrar às pessoas que não há risco de contaminação ambiental ou de alimentos devido às descargas de Fukushima.
O primeiro-ministro, Fumio Kishida, deu o aval final numa reunião dos ministros envolvidos no plano e deu instruções ao operador da central, a Tokyo Electric Power Company Holdings (TEPCO), para estar pronto para iniciar as descargas na quinta-feira, se o tempo o permitir.
A libertação de água começa quase 12 anos e meio após a fusão nuclear de março de 2011, causada por um forte terramoto e tsunami.
A central de Fukushima Daiichi deverá, no início de 2024, ficar sem espaço para armazenar cerca de 1,33 milhões de toneladas de água, proveniente de chuva, água subterrânea ou injeções necessárias para arrefecer os núcleos dos reatores nucleares.
Tanto o governo japonês como a TEPCO, a companhia elétrica de Tóquio, dona da central, alertaram que a água deve ser removida para evitar fugas acidentais dos tanques.