Dietas, comprimidos e transfusões de sangue: a busca de um milionário pela juventude eterna

O empresário norte-americano Bryan Johnson, de 46 anos, gasta cerca de dois milhões de dólares (cerca de 1,8 milhões de euros) por ano para fazer com que o seu corpo recupere a juventude.

O milionário, que fez fortuna aos 30 anos, quando vendeu a empresa de processamento de pagamentos Braintree Payment Solutions ao eBay por 800 milhões de dólares (735 milhões de euros), está a promover uma rotina que, segundo ele, lhe deu o coração de um homem de 37 anos, a pele de um jovem de 28 e a capacidade pulmonar e a aptidão física de um rapaz de 18.

Em declarações à "Bloomberg News", Johnson disse que a sua busca pela juventude eterna foi desencadeada por uma grave crise de saúde física e mental que sofreu antes de vender a Braintree. Nessa época, estava acima do peso, deprimido e quase suicida, resultado de uma acumulação de stress e de trabalhar muitas horas.

Johnson, que é acompanhado por uma equipa de 30 médicos, criou o protocolo Blueprint, uma rotina que o empresário segue rigorosamente. O objetivo passa por rejuvenescer todos os seus principais órgãos.

Toma mais de 100 comprimidos por dia

O processo de rejuvenescimento de Bryan Johnson envolve uma série de regras que começam bem cedo, quando acorda às 4.30 horas, e só terminam quando se deita, às 20.30 horas. A rotina inclui medições diárias de dados como peso e índice de massa corporal e uso de um painel com luz infravermelha durante alguns minutos sobre o rosto para simular a luz solar e ajustar o relógio biológico.

Durante o dia, o empresário segue uma dieta vegan de 1977 calorias diárias, não podendo beber álcool nem comer doces ou gorduras. A sua terceira e última refeição do dia é ingerida às 11 horas. Johnson exercita-se uma vez por dia, fazendo exercícios de alta intensidade três vezes por semana. Além disso, toma mais de 100 comprimidos por dia, incluindo medicamentos e vitaminas.

Antes de se deitar, o milionário usa óculos que bloqueiam a luz azul durante duas horas. Durante a noite, usa um anel peniano que monitoriza ereções noturnas e ajuda a identificar casos que podem resultar em disfunção erétil.

Todos os meses, passa por procedimentos médicos, incluindo ultrassonografias, ressonâncias magnéticas, colonoscopias e exames de sangue.

Recebeu sangue do filho adolescente

Uma das práticas que Johnson mantém passa por receber plasma de um doador anónimo com índice de massa corporal ideal e um estilo de vida saudável. No entanto, no ano passado, o empresário anunciou que o filho de 17 anos, Talmage, forneceu um litro do seu sangue, que foi convertido num lote de plasma líquido e outro de glóbulos vermelhos e brancos e plaquetas. Esse sangue foi transferido para as veias do pai. 

Da mesma forma, o pai de Bryan Johnson, Richard, de 70 anos, recebeu plasma do seu filho.

Cientistas estudaram o uso do plasma como técnica antienvelhecimento em roedores e concluíram que os mais velhos mostraram melhorias na função cognitiva, no metabolismo e na estrutura óssea. No entanto, há poucos dados relativos a humanos, fazendo com que muitos investigadores considerem as técnicas de troca de plasma inconclusivas. 

Diz que venceu a calvície

No mês passado, Johnson publicou um vídeo no Youtube, reivindicando a vitória contra a calvície. “Geneticamente, eu deveria ser careca”, disse, no início do vídeo. “O melhor momento para cuidar do cabelo é antes de começar a perdê-lo”. 

Para isso, o empresário usa um chapéu para fazer terapia de luz vermelha e alega que o dispositivo “aumenta o fluxo sanguíneo e também estimula a atividade do folículo capilar". Depois, aplica um tratamento tópico todas as manhãs.

O milionário também é um defensor do "microneedling", um procedimento durante o qual é usado um rolo com agulhas pequenas e finas, movendo-se sobre áreas de queda de cabelo para criar perfurações na pele. Acredita-se que os pequenos ferimentos causados pelas agulhas ajudem a provocar o crescimento do cabelo. 

Para combater os cabelos brancos, Johnson usa dois produtos: GR7, que aplica três ou quatro vezes por semana, e Mayraki, um extrato de ervas colorido que coloca uma vez por semana.

Concorrente de Musk

Em 2014, Bryan Johnson criou o OS Fund, fundo de investimentos para empresas de ciência e tecnologia. Dois anos depois, fundou a Kernel, empresa que cria interfaces cérebro-máquina e que é concorrente da Neuralink, de Elon Musk. De acordo com o "New York Post", a Kernel diz ser capaz de acelerar tratamentos neurológicos com a ajuda de um capacete que consegue "ler" o cérebro e que custa 50 mil dólares (45 mil euros).

Recentemente, Musk foi um dos críticos de Johnson, concordando, no X (antigo Twitter), com uma publicação que dizia que o empresário parecia fisicamente melhor antes de vender a Braintree e antes de começar as rotinas antienvelhecimento. 

“Eu adoro os que me odeiam”, disse Johnson à "Fortune". "Adoro-os. Dou-lhes as boas-vindas, abraço-os, agradeço-lhes por dedicarem o seu tempo a comentar. Estão de pé, estão a falar, não são apáticos. Adoro tudo neles, não mudaria nada". 

Rotina pública, vida familiar privada

Nascido em agosto de 1977, Johnson tem três irmãos e cresceu no Utah. Em 2003, obteve um bacharelado em estudos internacionais pela Brigham Young University e, em 2007, o CEO concluiu um mestrado na Booth School of Business da Universidade de Chicago.

Existem poucos detalhes sobre a vida privada de Johnson. No entanto, sabe-se que namorou com a atriz e criadora de conteúdo Taryn Southern em 2016. Em 2018, estavam noivos e moravam juntos na Califórnia. Em 2021, Southern entrou com uma ação judicial, que alegava que o empresário prometeu “cuidar dela, financeira e clinicamente, pelo resto da vida”, segundo a revista "People". Alegou ainda que foi forçada a sair de casa quando foi diagnosticada com cancro da mama.

O milionário tem três filhos, mas pouco se sabe sobre eles.