Diretor das secretas espanholas vai ao Congresso falar sobre "espionagem" dos EUA
O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, anunciou, esta quarta-feira, que o diretor do Centro Nacional de Informação (CNI) comparecerá em breve na comissão de segredos oficiais do Congresso para prestar informações sobre a alegada espionagem americana em Espanha.
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Mariano Rajoy fez o anúncio no arranque da sessão plenária de hoje do Congresso de Deputados, onde deu conta dos resultados da reunião da semana passada no Conselho Europeu.
Depois de relembrar que esta questão foi abordada durante o encontro dos líderes europeus, Rajoy disse que, a confirmar-se, a espionagem constituiria um conjunto de "atos inapropriados e inaceitáveis entre parceiros e amigos".
Afirmando "tomar muito a sério" as informações da imprensa sobre as atividades da Agência Nacional de Segurança (NSA na sua sigla em inglês) dos Estados Unidos, Rajoy recordou ter ordenado, de imediato, a convocatória do embaixador norte-americano em Madrid.
Fontes judiciais espanholas confirmaram que, na terça-feira, a procuradoria de Delitos Informáticos decretou a abertura de "diligências informativas" sobre as alegadas escutas que a NSA possa ter realizado em Espanha.
As "diligências informativas" são de "cariz mais geral e indeterminado do que seriam diligências de investigação", adiantaram as mesmas fontes.
Trata-se, explicaram, de averiguar se há ou não matéria penal que deva ser investigada e se Espanha tem ou não competência para levar a cabo essa investigação.
Na segunda-feira, o embaixador dos Estados Unidos em Madrid, James Custos, comprometeu-se, perante o secretário de Estado espanhol para a UE, Iñigo Méndez de Vigo, a clarificar "quaisquer dúvidas" sobre a alegada espionagem do seu país a Espanha.
James Custos foi chamado ao ministério dos Negócios Estrangeiros depois da polémica em torno da alegada espionagem levada a cabo pelos Estados Unidos em Espanha.
O jornal El Mundo publicou na segunda-feira notícias segundo as quais os Estados Unidos espiaram mais de 60 milhões de chamadas telefónicas em Espanha em apenas um mês, entre o final do ano passado e o início de 2013.
O jornal afirma que a confirmação da espionagem realizada pela NSA está expressa num documento da agência intitulado "Spain last 30 days" (Espanha últimos 30 dias), que detalha o fluxo de comunicações intercetadas entre 10 de dezembro de 2012 e 08 de janeiro de 2013.
O El Mundo adianta ter obtido esses documentos mediante um acordo exclusivo com o jornalista Glenn Greenwald, que tem vindo a divulgar o que identifica como "documentos Snowden".
Edward Snowden é um ex-colaborador da NSA que tornou públicos detalhes de vários programas confidenciais usados pelos Estados Unidos para a vigilância eletrónica de governos em todo o mundo.