Um dirigente dos Irmãos de Itália, partido da extrema-direita favorito à vitória nas legislativas italianas de domingo, causou quarta-feira ira após a divulgação de um vídeo em que está a fazer a saudação "romana", semelhante a um ritual fascista.
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Romano La Russa, irmão do cofundador do Fratelli d'Italia (FdI - Irmãos de Itália), Ignazio La Russa, surge no vídeo, que entretanto se tornou viral nas redes sociais, com o braço estendido durante uma cerimónia numa rua de Milão (norte), a 19 deste mês.
O oficial de segurança da região da Lombardia, da qual Milão é a capital, assistia ao funeral de uma figura da direita neofascista italiana, Alberto Stabilini, que também era seu cunhado.
The Lombard regional minister of security, Romano La Russa (from FDI), has been seen making the fascist salute at the funeral of a historic far right militant https://t.co/xRaESQBXDv
- Andrea RBG Hate Account (@ClassicalSocdem) September 21, 2022
Para Romano La Russa, tratou-se de uma "tradição militar e não de uma saudação fascista".
"Quando se jura fidelidade à República Italiana como soldado, o juramento exige que se faça uma saudação com os braços estendidos. E seriam todos fascistas? Não. É a mesma coisa", argumentou, enfatizando que o falecido tinha sido um soldado.
"O fascismo está morto e enterrado: o comunismo permanece", concluiu Romano La Russa, citado pela agência noticiosa italiana ANSA.
Para o presidente da Região da Lombardia, Attilio Fontana, membro da Liga que disputa as eleições em coligação com os Irmãos de Itália e a Força Itália (FI), de Silvio Berlusconi, trata-se de "comportamentos que não fazem parte da visão" dos três partidos.
O ex-primeiro-ministro de centro-esquerda Matteo Renzi condenou o que considerou ser um "gesto totalmente repreensível", admitindo, no entanto, não haver qualquer risco de o fascismo regressar a Itália.>
Vários líderes políticos pediram o encaminhamento da ação de Romano La Russa para a justiça sob a acusação de "apologia ao fascismo".
O código penal italiano prevê o delito de apologia, mas a jurisprudência recente sustenta que o crime não é constituído automaticamente se a vontade de reorganização estruturada do fascismo não for manifesta.
A administração dos Irmãos de Itália ainda não comentou o episódio.
Na terça-feira, um candidato parlamentar dos Irmãos de Itália foi suspenso de todas as funções internas depois de elogiar Adolf Hitler nas redes sociais.