O "número 3" do partido espanhol Podemos continua na mira da Imprensa espanhola devido ao dinheiro que recebeu por consultoria política em 2013 e que alegadamente declarou através de uma empresa criada por si para pagar menos impostos.
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Juan Carlos Monedero está a ser investigado pela Agência Tributária espanhola por ter recebido 425 150 euros em finais de 2013 - numa transferência para a sua conta pessoal - para pagar um trabalho de consultoria política realizado para um organismo supranacional formado por países como a Venezuela, Cuba, Nicarágua, Honduras, Equador e Bolívia.
A questão é que, um dia depois, Monedero transferiu esse dinheiro para a conta de uma empresa que tinha criado pouco antes, a Caja de Resistencia Motiva 2. A empresa pagou menos impostos (menos cerca de 130 mil euros) do que o próprio pagaria se declarasse como rendimento individual.
O Podemos, que sempre negou que Monedero estivesse em falta ou tivesse cometido qualquer irregularidade, assumiu depois o erro, ao revelar que o seu "número 3" tinha entregado às Finanças uma "declaração complementar" no valor de 200 mil euros. No entanto, reafirma que a atuação de Monedero foi "legal e ética", rejeitando a sua demissão.
Ao entregar essa autoliquidação da dívida, o fundador do Podemos evitou ser penalizado pelas Finanças - uma vez que o fez antes de receber o requerimento da Agência Tributária - mas não parou uma inspeção aberta pelo Fisco.
O jornal "El Mundo", um dos que mais têm insistido no caso - e que o Podemos diz estar "ao serviço" dos partidos do arco do poder, PP e PSOE - escreve esta terça-feira que Monedero tinha 682 508 euros em contas e fundos de investimento a 1 de janeiro de 2014, poucos dias antes da constituição oficial do Podemos.
Esta informação contradiz o que tem vindo a ser dito por Monedero, que divulgou imagens de extratos das suas contas (datados de terça-feira) indicando que tem 205 769 euros em seu nome. O dirigente do Podemos apenas divulgou - sem comparecer junto da imprensa para responder a perguntas - a posição corrente da conta, não mostrando movimentos recentes.
O "El Mundo" - que cita fontes não identificadas "próximas do setor financeiro" - tenta assim confirmar uma notícia anterior, de que Monedero tem perto de 700 mil euros em contas registadas em Espanha, seja em nome próprio seja em nome de empresas suas.
O Podemos tem criticado duramente a conduta ética de dirigentes dos outros partidos, especialmente no que toca a escândalos de impostos e corrupção.