"Discurso puramente nazi": conselheira de Orbán demite-se após declarações controversas
Uma conselheira de longa data de Viktor Orbán demitiu-se em protesto contra "um discurso puramente nazi" proferido pelo primeiro-ministro húngaro. Zsuzsa Hegedüs está ao lado de Orbán desde 2002.
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Na carta de demissão, publicada pelos meios de comunicação locais, a antiga conselheira de Orbán indica que o discurso de sábado foi "digno de Goebbels", ministro da propaganda nazi. Viktor Orbán gerou indignação junto dos opositores políticos por lamentar que a Europa "misture" cidadãos. "Nós não somos uma raça mista e não queremos ser uma raça mista", disse.
Zsuzsa Hegedüs conhece o primeiro-ministro há 20 anos e sempre descreveu a relação entre ambos como amigável. No entanto, admite que esta se tornou cada vez mais desconfortável devido à "reviravolta iliberal" do regime de Orbán, nos últimos anos.
O primeiro-ministro húngaro sempre utilizou linguagem conotada com a extrema-direita e sempre se pronunciou contra a migração, tornando-a num aspeto fundamental da sua campanha política, mas Zsuzsa Hegedüs diz que o discurso de sábado sobre "raça mista" foi radical mesmo para os seus padrões.
A conselheira demissionária disse ainda que defendia há muito tempo o primeiro-ministro contra acusações de antissemitismo, mas que acreditava que as mais recentes declarações eram impossíveis de defender. "Lamento sinceramente que uma posição tão vergonhosa me tenha forçado a cortar a nossa relação", escreveu.
Em resposta, Orbán aceitou a demissão de Hegedüs, mas negou um discurso racista. "Não pode estar a falar a sério ao acusar-me de racismo depois de 20 anos de trabalho conjunto. Sabe melhor do que ninguém que, na Hungria, o meu governo segue uma política de tolerância zero tanto em relação ao antissemitismo como ao racismo", escreveu o político.
O discurso de Orbán, proferido num evento em Băile Tuşnad, na Roménia, onde tradicionalmente faz uma exposição anual, provocou uma reação negativa imediata dentro e fora da Hungria.