O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán defendeu esta quinta-feira um "ponto de vista cultural" húngaro, após o seu discurso no passado fim de semana contra "a mistura de raças".
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"Às vezes falo de uma forma que pode ser mal entendida, mas pedi ao chanceler (Karl Nehammer) que colocasse a informação num contexto cultural", disse numa conferência de imprensa em Viena no âmbito de uma visita à Áustria.
"Na Hungria, estas expressões e frases representam um ponto de vista cultural e civilizacional", referiu.
O líder nacionalista húngaro de 59 anos, que frequentemente faz declarações polémicas e ferozmente anti-migrantes, tinha rejeitado sábado a visão de uma sociedade "multiétnica".
"Não queremos ser uma raça mista", que se misturaria com "não-europeus", disse, antes de fazer uma aparente alusão às câmaras de gás do regime nazi, o que lhe valeu fortes críticas da comunidade judaica e a demissão de um conselheiro.
Desde o seu regresso ao poder, em 2010, Viktor Orbán transformou o seu país, implementando reformas baseadas na "defesa de uma Europa cristã".
Em particular, tem como alvo migrantes de África e do Médio Oriente e ONG que os ajudam, endurecendo o direito ao asilo e erguendo barreiras fronteiriças.
O chanceler Nehammer falou da nova controvérsia, no início da conferência de imprensa, tentando distanciar-se da posição de Orbán.
"Condeno veementemente todas as formas de racismo e antissemitismo", referiu Nehammer, que descreveu a migração como um "desafio", para além da "crise energética, para além da inflação, para além da pandemia", que precisa de ser combatido.
A Áustria acolheu mais de 80.000 refugiados da Ucrânia e registou cerca de 30.000 pedidos adicionais de asilo durante o primeiro semestre do ano, salientou o chanceler, apelidando a chegada destas pessoas de "desafios que a Áustria enfrenta agora.
"Estamos em perfeita concordância", reagiu Orbán, dizendo-se ao mesmo tempo orgulhoso da política de "tolerância zero" da Hungria.