
Palestinianos permanecerão na zona vermelho, sem acesso a condições básicas de vida
Foto: Haitham Imad / EPA
Planos militares dos EUA levantam dúvidas e criam apreensão em relação à promessa inicial, que apontava para o domínio palestiniano.
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Após os EUA terem intermediado, no mês passado, um plano de cessar-fogo entre Israel e a Palestina, Gaza passará por uma divisão territorial, avança o britânico "The Guardian". Segundo documentos do Governo norte-americano citados pelo jornal, a zona verde será totalmente reconstruída e controlada por tropas israelitas e internacionais, sendo que a zona vermelha, habitada por comunidades palestinianas, permanecerá, numa fase inicial, em ruínas.
"O ideal seria restaurar tudo, certo? Mas isso é apenas uma aspiração. Não vai ser fácil", revelou uma fonte do Governo de Donald Trump, que preferiu manter o anonimato.
Ainda assim, os planos militares dos EUA levantam dúvidas sobre a promessa inicial de domínio palestiniano em Gaza. A criação de uma Força Internacional de Estabilização (ISF, na sigla em inglês) é fundamental para a estratégia de paz apresentada por Trump. Os EUA esperam que um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU, que viabilizará a ISF, seja aprovado no início da próxima semana e que detalhes concretos sobre o envio de tropas sejam, depois, divulgados. "Os países não vão assumir compromissos firmes até verem o texto aprovado", reforçou o mesmo funcionário.
Trump descartou o envio de tropas americanas para o terreno a fim de facilitar a retirada israelita ou financiar a reconstrução. "Os EUA deixaram claro que querem definir a visão, não pagar por ela", disse outra fonte diplomática, citada pela publicação.
Planos "ilusórios" envolviam tropas europeias
O Centcom (Comando Central dos EUA) elaborou planos para colocar forças europeias - incluindo soldados britânicos e franceses - na ISF. Isso incluía até 1500 soldados de infantaria do Reino Unido, com experiência em áreas como desativação de bombas e medicina militar, e até mil soldados franceses para cobrir a desobstrução de estradas e a segurança.
Uma fonte descreveu os planos como "ilusórios". Após longas missões no Iraque e no Afeganistão, poucos líderes europeus estariam dispostos a arriscar a vida dos seus soldados em Gaza, embora tenham prometido outros apoios. Apenas Itália ofereceu uma possível contribuição de tropas.
O plano de paz de Trump prevê, no entanto, a criação de uma força policial palestiniana como "a solução de segurança interna a longo prazo" para Gaza. A estratégia consiste num recrutamento inicial de 200 polícias, que aumentaria ao longo de um ano para uma força de três a quatro mil agentes, o equivalente a apenas um quinto do efetivo de segurança planeado.

