Na cidade da alegada tentativa de assassinato, o candidato republicano congrega mais apoios, e há quem prometa “chorar e rezar” pela vitória de Trump.
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A casa de Bill e Christine Secunda passa despercebida, à beira de uma estrada e um bosque silencioso na localidade de Butler. Até uma estátua de seis metros colocada no jardim, que representa o homem de lata do feiticeiro de Oz, escapa aos olhares menos atentos. Mas na grande oficina das traseiras, encontramos várias esculturas de metal de grandes dimensões. Em destaque, uma estátua de Donald Trump, de punho erguido, a imagem que se tornou icónica, depois do atentado em Butler, a 13 de julho.
Bill Secunda já tinha criado a escultura, feita de pregos, mas depois da tentativa de assassinato, fez alterações na posição de Trump, para erguer o punho e mudar a indumentária. “Usei pregos porque acho que ele é um tipo duro. Chamei-lhe duro como um prego”, conta Bill Secunda, que teve oportunidade de mostrar o trabalho ao próprio Trump, durante um comício na Pensilvânia, no início de outubro. A mulher de Bill também esteve no encontro e recorda que os joelhos “estavam a tremer, tinha a boca seca só à espera que ele entrasse”. Christine Secunda explica que tem “muito respeito” por Donald Trump”. “É um tipo que faz aquilo que diz”, acrescenta Bill.
O escultor de metais, que já perdeu um cliente por ter criado a estátua e também recusou uma oferta de compra, quer aproveitar o facto dos “olhos do mundo” estarem em Butler, para fazer “brilhar e reerguer” a pequena localidade.
Republicanos em maioria
Aqui, na América conservadora, os republicanos estão em maioria. Nos relvados em frente às casas, multiplicam-se os cartazes de apoio aos candidatos. “Grab him by the ballot” (Agarrem-no pelo boletim), “Vote like your daughters rights depend on it” (Vote como se os direitos das vossas filhas dependessem disso) são cartazes de apoio a Kamala Harris, mas vêem-se muitos mais “Trump 2024” ou “Trump won” (Trump ganhou em 2020).
No alpendre da casa de Jim Hulings, destaca-se um cartaz raro: a fotografia de Trump de punho erguido com o apelo que o candidato republicano deixou logo depois de ter sido atingido: “Fight!” (Lutem). O cartaz custou 12 dólares, “o dinheiro mais bem gasto”, para o presidente do Comité republicano do condado de Butler.
Jim Hulings estava numa das filas da frente, no dia do atentado contra Donald Trump e gosta de recordar todos os detalhes. Foi “um dia inesquecível”, com um “silêncio de morte” depois de Trump ter sido derrubado, mas mais do que assustada, a multidão ficou em choque e em fúria, questionando “porquê em Butler?”.
Hulings acredita que “foi um milagre” que salvou Trump e que coloca Butler na história dos EUA. Não tem dúvidas sobre a vitória do candidato republicano, “se a eleição for justa”, uma convicção partilhada pelo casal Secunda. Christine promete “chorar e rezar” pela vitória de Trump, enquanto Jim, que completa 80 anos no dia da eleição, espera ter “o melhor presente de aniversário”: a reeleição de “um homem que conhecemos e amamos”.