A comunidade internacional prometeu este domingo no Cairo doar milhões de dólares para reconstruir a faixa de Gaza, mas, em sintonia com os Estados Unidos, exige que israelitas e palestinianos recomecem seriamente as negociações de paz.
Corpo do artigo
O Qatar foi o que prometeu a maior contribuição para ajudar o enclave palestiniano destruído por 50 dias de guerra no verão: mil milhões de dólares.
Washington anunciou uma ajuda imediata de 212 milhões, de um total de 400 milhões num ano, e a União Europeia 450 milhões para 2015.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, declarou nesta conferência internacional de doadores que a comunidade internacional está pronta a financiar a reconstrução, mas que exige mais do que um cessar-fogo.
Kerry insistiu que israelitas e palestinianos devem reiniciar as negociações de paz que Washington patrocinou e que foram abandonadas em abril. Os países da União Europeia e a ONU pronunciaram-se no mesmo sentido.
O conflito israelo-palestiniano tem quase sete décadas, a faixa de Gaza foi palco de três guerras nos últimos seis anos. A última, em julho e agosto, matou perto de 2.200 palestinianos e 73 israelitas, enquanto 18 mil casas e edifícios foram atingidos no enclave e 100 mil pessoas ficaram desalojadas.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, assinalou que "Gaza continua a ser um 'barril de pólvora'" e declarou-se "muito irritado" com o facto de "continuar o ciclo construção-destruição".
"Devem compreender o nível de frustração", disse, antes de anunciar que se deslocará à faixa de Gaza na terça-feira para "ouvir diretamente" os habitantes do enclave sob bloqueio israelita.
Para Catherine Ashton, chefe da diplomacia da União Europeia, "esta deve ser a última vez que se apela à comunidade internacional para reconstruir Gaza".
"Não se pode voltar ao 'statu quo' que se revelou insustentável (...) É preciso uma solução política para Gaza no quadro mais amplo de discussões entre palestinianos e israelitas sobre a solução de dois Estados (...), a única verdadeira solução para este conflito", defendeu.