Um operador de câmara britânico, do canal Skynews, e um jornalista do Dubai foram mortos durante os confrontos que estão a decorrer no Egito, entre os manifestantes pró-Morsi e as autoridades. Segundo o governo, 149 pessoas morreram esta quarta-feira.
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Mick Deane, de 61 anos, foi ferido depois de ser alvejado, enquanto filmava o violento desmantelamento dos acampamentos de manifestantes que mantêm o seu apoio, no Cairo, a Mohamed Morsi, o presidente egípcio destituído pelas forças militares no início de julho. O operador de câmara terá sido assistido medicamente, mas morreu pouco depois. Os restantes membros da equipa que acompanhava Mick Deane saíram ilesos.
A jornalista Habiba Ahmed Abd Elaziz, de 26 anos, do "The Gulf News", um jornal estatal dos Emirados Árabes Unidos, foi alvejada nos arredores da mesquita de Rabaah al-Adawiya, no Cairo, durante uma das operações policiais contra os manifestantes pró-Morsi. O jornal do Dubai já confirmou que Habiba não se encontrava no Cairo em trabalho.
Centenas de pessoas morreram, esta quarta-feira, no Egito, durante os confrontos que se mantém latentes entre as forças de segurança do governo interino nomeado pelas forças militares e os apoiantes do destituído presidente Mohamed Morsi.
Segundo as declarações de um porta-voz do Ministério da Saúde egípcio, Mohamed Fathala, à agência estatal egípcia Mena, 149 pessoas morreram durante esta quarta-feira e 1043 ficaram feridas. No Cairo, foram registadas 49 vítimas, contrariando o anterior balanço do ministério, que dava conta de 95 mortos e 874 feridos. Os números são, no entanto, postos em causa pela Irmandade Muçulmana, que dá conta da morte de mais de 2000 pessoas.
Estado de emergência já foi declarado pelo governo, para pelo menos um mês, onde será imposto recolher obrigatório entre as 19 horas locais (18 horas em Portugal Continental) e as 6 horas (5 horas em Portugal Continental).
Vários jornalistas foram feridos no ambiente turbulento instalado pelo país. A agência noticiosa Reuters confirmou que a fotógrafa Asmaa Waguih foi alvejada na perna, embora o ferimento não deixe em risco a sua vida.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse estar "triste em ouvir falar da morte" do jornalista da Skynews e disse que os seus pensamentos estavam com a família e colegas de Deane.
O Comité para a Proteção de Jornalistas disse estar a investigar vários ataques a jornalistas e apelou às autoridades egípcias para "mostrar restrição e permitir que os media executem a sua profissão".
"Nós contactamos as autoridades egípcias para dar ordens claras para que as forças de segurança respeitem o direito dos jornalistas a trabalhar livremente e com segurança enquanto cobrem os eventos no Cairo e no resto do país", afirmou Robert Mahoney, diretor do Comité para a Proteção de Jornalistas.
A situação de violência no Egito já provocou reações a nível internacional, nomeadamente no Reino Unido, França e Alemanha, que apelam à "moderação" e condenam o uso de força.