Dois voluntários portugueses da Assistência Médica Internacional estão nas Filipinas a tentar chegar à ilha de Leyte, a mais afetada pelo tufão Haiyan, que terá causado cerca de 10 mil mortos.Esperaram 10 horas para embarcar numa viagem que pode durar mais cinco ou seis até ao local da catástrofe.
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A espera, é, de momento, o maior inimigo de Sofia Costa e Tiago Swart. Voluntários da Assistência Médica Internacional (AMI), estão no porto da ilha de Surigao há mais de 11 horas. Já compraram bilhete, têm autorização para viajar, e finalmente conseguiram embarcar, mas a chegada de uma tempestade tropical não deixou partir o navio para a ilha de Leyte, a mais afetada pelo tufão que se abateu sobre parte das Filipinas como uma bomba atómica meteorológica.
"Sabemos que vamos encontrar dificuldades, estamos cientes de que as condições são muito más", disse ao JN Tiago Swart, já no barco, na companhia de bombeiros e associações humanitárias locais, à espera da ordem de partida para Leyte. "Em condições normais", são duas horas de viagem até ao porto na parte sul da ilha, poupada à violência do furacão que escaqueirou a parte norte. Depois, mais duas, ou mais, de boleia até ao epicentro da catástrofe, por estrada.
Eram cerca de 9.30 em Portugal, 17.30 e noite a começar nas Filipinas, quando Tiago Swart falou ao JN. Ao meio-dia, 20 horas nas Filipinas, novo contacto. Sofia atendeu o telefone. Já estavam embarcados, faltava a ordem para o barco navegar.
"Contamos chegar ainda hoje ao local mais afetado. Já será muito tarde, mas o ideal é chegar hoje", contou Sofia Costa, na expetativa de começar a trabalhar logo pela manhã de quarta-feira.
"Vamos fazer trabalho de logística. Temos um fundo de maneio e a nossa força de trabalho para apoiar uma organização que já esteja no local", disse Tiago Swart. "O nosso maior apoio é ao nível alimentar. Assim que chegarmos vamos procurar um parceiro que esteja no terreno e tenha condições para fazer essa distribuição de forma organizada", acrescentou.
Segundo os relatos das agências internacionais, na zona mais afetada da ilha os sobreviventes pilham o que resta de casas, revistam cadáveres e procuram comida e bebida a todo o custo. Morrem de fome.
"Nunca estivemos em situação de catástrofe, mas sabemos que não ter comida ou água faz parte do dia-a-dia das missões de voluntariado", disse Tiago Swart. "Estamos mais preocupados com a dificuldades que vamos ter para encontrar um parceiro no terreno e começar a trabalhar", argumentou.