A morte de dois homens, após terem recebidos descargas de tasers ao serem detidos, lançou um debate em Itália sobre o recurso a armas de eletrochoques não letais pelas forças de segurança.
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No sábado, na ilha da Sardenha, um homem de 57 anos, Giampaolo Demartis, sofreu uma paragem cardíaca na ambulância que o transportava para o hospital depois de ter recebido um choque de uma arma taser por parte de agentes da polícia militar ("Carabinieri"), durante a detenção, motivada por um estado de agitação grave e agressões a transeuntes.
No domingo, na província de Génova, um albanês de 41 anos, Elton Bani, morreu depois de pelo menos duas descargas elétricas de um taser, igualmente durante uma detenção por parte de "Carabinieri", também chamados a intervir por perturbação à ordem pública.
As autoridades abriram investigações aos quatro agentes da polícia militar envolvidos nos dois incidentes e para determinar a causa exata das mortes, mas várias vozes, sobretudo de partidos da oposição, reclamam a suspensão do uso de tasers pelas forças policiais.
"É evidente que esta ferramenta tem um problema que deve ser resolvido. Devemos dar seguimento à denúncia da Defensora do Povo da Sardenha para os Presos, Irene Testa, que, com razão, a qualifica de instrumento de tortura legalizado", declarou Fliberto Zaratti, deputado do partido Aliança Verdes e Esquerda.
Também o secretário do partido Mais Europa, Riccardo Magi, pediu às autoridades que suspendam o uso destas armas de eletrochoque, enquanto Raffaella Paita, líder do grupo Italia Viva, no Senado, solicitou verificações imediatas dos dispositivos.
Em defesa dos quatro "Carabinieri" e do recurso a armas de eletrochoques saiu já o ministro do Interior italiano, Matteo Piantedosi, que, numa declaração enviada aos órgãos de comunicação social, defendeu que a morte das duas pessoas "não deve ser utilizada apenas para promover outra campanha contra as forças da ordem".
"Nestes dois casos concretos, os "carabinieri" viram-se envolvidos em situações extremamente difíceis e arriscadas. Aqueles que criticam ideologicamente o uso da pistola "taser" devem ter em mente que se trata de uma ferramenta essencial, fornecida aos agentes precisamente para evitar o uso de armas de fogo", sublinhou o ministro.
Em Itália, as forças policiais foram equipadas em 18 cidades com aproximadamente cinco mil 'tasers' desde 2022, tendo desde então sido registados pelo menos cinco casos de pessoas que morreram depois de receberem descargas elétricas.