Pequim foi palco de dois encontros que espelham a necessidade do gigante asiático se destacar na resolução de questões globais, como é o caso da guerra na Ucrânia.
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Tal como ficou definido por Xi Jinping na sessão anual da Assembleia Popular Nacional da China, no mês passado, o gigante tem o dever de "promover iniciativas de segurança global" - princípio que está a ser colocado em prática a todo o gás. Duas semanas depois de visitar Vladimir Putin na Rússia, o presidente chinês recebeu, em Pequim, representantes da Arábia Saudita e do Irão para mediar o restabelecimento dos laços diplomáticos entre os dois países. O líder sustentou, esta quinta-feira, outra frente de diálogo, virada para o Ocidente, ao receber Emmanuel Macron e Ursula von der Leyen. Ambas as visitas representam pequenos avanços para a nação asiática, que se vinha a colocar numa posição de isolamento internacional. Porém, há um passo que ainda não foi dado.
"Sei que posso contar consigo para trazer a Rússia de volta à razão", sublinhou o chefe de Estado francês durante uma conferência de imprensa conjunta com o homólogo chinês, ao frisar a expectativa de que Pequim possa ter um papel de relevo nas negociações de paz na guerra na Ucrânia, enquanto Xi expressou que os dois países devem manter uma atitude "razoável", para "evitar um agravamento da situação". No exterior do Grande Salão do Povo, os dois líderes rejeitaram ainda o uso de armas nucleares e o presidente da China apelou à "proteção dos civis".
Embora se mostre empenhado em movimentar-se como mediador na resolução do conflito no Leste da Europa, depois de dialogar com o chefe do Kremlin, Xi ainda não falou com Volodymy Zelensky, mas essa barreira pode estar prestes a ser ultrapassada. Longe das câmaras, o rosto do poder de Pequim admitiu a Macron que está pronto para telefonar ao presidente ucraniano "no momento oportuno", cita a Reuters.
Após a reunião bilateral, Xi e Macron acolheram a presidente da Comissão Europeia nas conversações. A representante do bloco comunitário apelou à nação asiática que apoie o respeito pela soberania ucraniana, deixando um alerta: "Contamos que a China não vai fornecer armamento à Rússia, porque isso prejudicaria significativamente as relações" com a União Europeia. Além de assuntos políticos, a governante alemã trouxe para cima da mesa questões comerciais, apontando que uma "dissociação" entre Bruxelas e Pequim "não é uma estratégia" viável para o futuro.
Recomeço no Médio Oriente
Antes de os líderes ocidentais serem recebidos na capital chinesa, Pequim foi palco de um encontro entre os ministros dos Negócios Estrangeiros do Irão e da Arábia Saudita, Hossein Amir Abdolahian e Faisal bin Farhan al Saud respetivamente, com vista a reunificar os laços cortados em 2016. Na companhia do chefe da diplomacia chinesa, os governantes dos dois países - que há anos disputam a hegemonia regional - concordaram em restabelecer as relações, reabrir missões diplomáticas e retomar as ligações aéreas.
A reunião confirmou o que já tinha sido antecipado pelo jornal "Asharq Al-Awsat", que assegurou que os ministros iriam reunir-se em Pequim, como parte do acordo alcançado pelas duas potências petrolíferas, com a mediação da China.
Riade cortou relações com Teerão há sete anos, após a ocorrência de ataques à sede diplomática no país persa, na sequência da execução no reino árabe de um alto clérigo xiita