Três pessoas foram mortas e um milhar estão feridas na sequência dos confrontos que ocorreram durante a madrugada deste sábado entre manifestantes e polícias em frente da embaixada de Israel no Cairo. Uma quarta pessoa morreu vítima de uma crise cardíaca durante os confrontos que obrigaram o Governo a declarar o estado de alerta.
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A embaixada de Israel na capital egípcia foi invadida durante a noite de sexta-feira por manifestantes, que atiraram para a rua milhares de documentos retirados da representação diplomática. O embaixador de Israel já deixou o país e quase cinco centenas de pessoas ficaram feridas nos confrontos que se seguiram à invasão.
A agitação na cidade do Cairo começou durante a tarde de sexta-feira, com milhares de pessoas concentradas na Praça Tahrir, no centro da cidade, enquanto se verificava também uma concentração junto à embaixada do Egipto, de onde foi retirada por um manifestante a bandeira que ali estava içada, tendo sido espezinhada.
O muro recentemente construído pelas autoridades egípcias em torno do edifício da embaixada foi demolido durante a tarde por centenas de manifestantes, munidos de martelos, barras de ferro e cordas.
Entretanto, centenas de soldados e dezenas de tanques do Exército egípcio foram mobilizados para a embaixada. Dos confrontos com os manifestantes resultaram, de acordo com o último balanço, 448 feridos. O número foi divulgado pela agência estatal Mena, que cita fonte oficial, e aponta ainda para o registo de, pelo menos, uma vítima mortal.
Num ambiente de enorme tensão, os manifestantes gritavam "vete, vete" (sai, sai), pedindo a saída do embaixador de Israel do Egito, reclamando ainda mais reformas e democratização por parte do Exército, no poder desde a queda de Hosni Moubarak, em Fevereiro passado.
O embaixador de Israel, Yitzhak Levanon, deixou entretanto o Egipto. De acordo com fontes aeroportuárias, o diplomata embarcou com a família e com outros funcionários da embaixada de Israel no Cairo.
As relações israelo-egípcias atravessam uma fase delicada, após a morte em meados de Agosto passado de cinco polícias egípcios, no seguimento de uma perseguição de autoridades israelitas a alegados autores de ataques mortíferos no setor de Eilat, no sul de Israel, perto da fronteira com o Egipto.
As autoridades justificaram a construção do muro com a necessidade de proteger os habitantes dos andares mais baixos do prédio que tem as instalações da embaixada de Israel na sua parte superior.
O Egipto foi o primeiro país árabe a estabelecer a paz com o Estado hebraico, em 1979.