A Moldova realiza no domingo eleições legislativas descritas pela presidente como a votação mais importante da História do país, já que vai determinar se o destino do Estado é a União Europeia ou a Rússia.
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Com 2,4 milhões de habitantes, a Moldova tem enfrentado várias crises desde a invasão russa à vizinha Ucrânia, em 2022, pondo em risco o Governo pró-europeu de Chisinau, que considera a adesão ao bloco europeu como crucial para se libertar da esfera de influência de Moscovo.
Sondagens recentes mostraram que o Partido Ação e Solidariedade (PAS), pró-europeu e atualmente no poder, poderá ter dificuldades em manter a sua maioria e necessitar de uma coligação.
Qualquer que seja a coligação, o resultado parece ser sempre o mesmo: complica a possibilidade de a Moldova entrar na União Europeia até 2030, objetivo definido pela Presidente, Maia Sandu, apesar de um referendo realizado em 2024 ter dado vitória a esse caminho.
Forças da oposição, como o Bloco Patriótico pró-Rússia e a aliança pró-Europa Alternativa têm tentado conquistar os eleitores, muitos dos quais não escondem a insatisfação com os aumentos dos preços, a lentidão das reformas e a corrupção.
"Com a maior seriedade, vos digo: a nossa soberania, independência, integridade territorial e futuro europeu estão em perigo", avisou a Presidente, Maia Sandu, na semana passada.
Segundo a chefe de Estado moldava, a Rússia está a gastar centenas de milhões de euros para influenciar as eleições legislativas, tal como tentou fazer com as presidenciais do ano passado, e uma grande parte desse dinheiro é para recrutar pessoas que causem distúrbios e desestabilizem o dia-a-dia moldavo.
Moscovo tem negado quaisquer interferências nos assuntos da Moldova e afirma que Chisinau está a alimentar o sentimento antirrusso para fins políticos.
Bruxelas apoiou abertamente a eleição de Sandu e considera uma Moldova pró-europeia - que se candidatou à adesão à UE em 2022, juntamente com a Ucrânia -, fundamental para extinguir a influência russa no flanco leste europeu.
Em agosto, os líderes da França, Alemanha e Polónia visitaram Chisinau para reforçar o seu apoio à candidatura do governo à UE.
Na Moldova, a maioria dos cidadãos fala a língua romena, mas há uma "grande minoria" que ainda se exprime em russo, e o poder político alterna há décadas entre grupos pró-Rússia e pró-Europa.
Tropas russas estão estacionadas na Transnístria, região que se separou do controlo de Chisinau na sequência de uma breve guerra, no início da década de 1990.
Tanto o Governo como a Presidente esperam que a diáspora moldava mantenha o apoio dado já nas presidenciais e consiga fazer a diferença.
De acordo com dados do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Integração Europeia da Moldova, entre 1,11 e 1,25 milhões de cidadãos moldavos viviam no estrangeiro em 2022. Os números devem ser até superiores, já que só contabilizam 32 países.
Entre os principais destinos dos moldavos, contam-se a Roménia, a Itália, a França e a Alemanha, mas Portugal e Espanha também têm uma grande percentagem daqueles emigrantes.
Os eleitores no estrangeiro não são refletidos nos dados das sondagens, mas geralmente apoiam partidos pró-europeus.
Contactada pela Lusa, a embaixada moldava em Lisboa afirmou que, em Portugal - e de acordo com a referência das últimas eleições presidenciais - votarão, no domingo, cerca de 6.700 cidadãos, que se irão distribuir por seis assembleias de voto: em Lisboa, Cascais, Setúbal, Porto, Faro e Portimão.