O presidente da França, Emmanuel Macron, alertou este sábado que se o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, que invadiu a Ucrânia em 2022, não for travado, “avançará sem dúvida para a Moldova e talvez para a Roménia”.
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Numa entrevista a vários jornais, o chefe de Estado francês considera que o possível “afastamento” dos Estados Unidos da Ucrânia “não é do seu interesse”, porque “o que têm feito nos últimos três anos está inteiramente de acordo com a sua tradição diplomática e militar”.
Se Washington aceitasse “assinar um cessar-fogo sem qualquer garantia de segurança para a Ucrânia”, então a sua “capacidade de dissuasão geoestratégica face à Rússia, à China e a outros países desapareceria no mesmo dia”, defende Macron numa entrevista concedida aos jornais "La Tribune Dimanche", "Le JDD", "Le Parisien" e "Ouest-France".
Sobre os parceiros europeus, em matéria de defesa, disse: “Nós temos um escudo [nuclear], eles não. E eles não podem continuar a depender da dissuasão nuclear americana”.
“Precisamos de um diálogo estratégico com aqueles [países europeus] que não o têm, e isso tornaria a França mais forte”, afirmou o presidente francês na entrevista.
Macron pede "calma e respeito" a Trump e Zelensky
O presidente de França apelou ao presidente norte-americano Donald Trump e ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky para que “se acalmem e mostrem respeito” para fazerem progressos nas negociações de um futuro acordo de paz na Ucrânia.
“Penso que, para além da irritação, é necessário que todos regressem à calma, ao respeito e ao reconhecimento, para que possamos fazer progressos concretos, porque o que está em jogo é demasiado importante”, afirmou Macron na entrevista, um dia depois da altercação na Casa Branca, em Washington, onde Trump e o seu vice-presidente, JD Vance, acusaram o líder ucraniano de não estar grato pela ajuda norte-americana e de recusar conversações de paz.
"É o momento de um despertar estratégico"
Macron afirmou ainda que espera que os países da União Europeia (UE) avancem rapidamente para um “financiamento maciço e conjunto” numa defesa comum, com “centenas de milhares de milhões de euros”.
“Vamos dar à Comissão Europeia um mandato para definir as necessidades em termos de capacidades para a construção de uma defesa comum”, porque "precisamos de mobilizar um financiamento conjunto de centenas de milhares de milhões de euros, e devemos fazê-lo rapidamente", disse Macron.
Para conseguir uma defesa europeia autónoma da NATO, “serão necessários cinco anos, dez anos”, avisou o presidente francês.
“Creio que hoje é o momento de um despertar estratégico, porque em todos os países há confusão e incerteza quanto ao apoio americano a longo prazo”, acrescentou o chefe de Estado francês.