
Imagem do presidente dos Emirados Árabes Unidos, Sheikh Mohammed bin Zayed Al Nahyan, na cidade iemenita de Áden
Foto: Najeeb Mohamed / EPA
Os Emirados Árabes Unidos anunciaram esta terça-feira a retirada das forças que mantêm no Iémen, após um ultimato da Arábia Saudita e do Governo iemenita reconhecido internacionalmente devido a acusações de apoio aos separatistas do sul, rejeitadas por Abu Dhabi.
O anúncio foi feito pelo Ministério da Defesa dos Emirados Árabes Unidos (EAU) num comunicado, divulgado pela agência de notícias estatal WAM, que indicou "a saída das restantes equipas antiterroristas no Iémen por iniciativa própria, de forma a garantir a segurança dos seus membros e em coordenação com as autoridades competentes".
O Ministério referiu-se ainda a "desenvolvimentos recentes e as suas potenciais repercussões na segurança e eficácia das operações antiterroristas", mas não avançou a data para a sua retirada.
A Arábia Saudita acusou hoje os EAU de agirem de forma "extremamente perigosa" no Iémen, para justificar ataques a interesses de separatistas neste país apoiados por Abu Dhabi, que já rejeitou as acusações. A coligação militar liderada por Riade anunciou ataques contra um carregamento de armas alegadamente para separatistas do Sul, no porto de Al-Mukalla, capital da província de Hadramawt, recentemente tomada pelo Conselho de Transição do Sul, no Iémen.
Esta organização separatista reagiu ao ultimato saudita, declarando apoiar a presença dos Emirados Árabes Unidos no Iémen.

Veículos militares danificados, alegadamente enviados pelos Emirados Árabes Unidos para apoiar as forças separatistas no Sul do Iémen, após um ataque aéreo levado a cabo pela coligação liderada pela Arábia Saudita no porto iemenita de Mukalla (Foto: AFP)
O confronto ameaçou abrir uma nova frente na guerra que já dura há uma década no Iémen, o país mais pobre do mundo árabe.
Embora a Arábia Saudita e os EAU, vizinhos na península arábica, tenham vindo a aumentar a sua rivalidade quer em termos económicos quer de política regional, particularmente na zona do Mar Vermelho, os ataques aéreos e o ultimato de hoje foi o confronto mais sério entre os dois países das últimas décadas.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros dos EAU negou ter enviado armas, mas reconheceu ter enviado veículos "para serem utilizados pelas forças dos Emirados Árabes Unidos que operam no Iémen", garantindo que a Arábia Saudita soube do carregamento com antecedência. Apelou, no entanto, "aos mais altos níveis de coordenação, contenção e sabedoria, tendo em conta os desafios e ameaças à segurança".
O Iémen, na extremidade sul da península arábica, ao largo da costa oriental de África, faz fronteira com o Mar Vermelho e o Golfo de Áden. A guerra no país já matou mais de 150 mil pessoas, incluindo civis, e criou um dos piores desastres humanitários do Mundo.
Com os hutis a controlar o norte e o Conselho de Transição no sul, o país enfrenta um perigo de desintegração. O Iémen apenas é unificado desde 1990, e conta com dois governos nacionais rivais: o Conselho de Liderança Principal e o Conselho Político Supremo, liderado pelos Huthis, apoiados pelo Irão.
