O presidente iemenita, Rashad Mohammed al-Alimi, defendeu hoje a criação de uma "coligação internacional" para "libertar o Iémen do terrorismo", durante a sua intervenção na Assembleia-Geral da ONU.
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"Peço-vos hoje aqui para que seja formada uma coligação internacional para restaurar a segurança e a estabilidade do Iémen e reconstruir as instituições do Estado e libertá-lo das milícias", afirmou Al-Amini, numa referência aos rebeldes xiitas Huthis que controlam uma grande parte do território iemenita e a capital, Sana.
Durante a intervenção no debate geral da 80.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, a decorrer em Nova Iorque, o líder iemenita sublinhou que a estratégia das Nações Unidas e da comunidade internacional falhou no país e vincou que a própria ONU "foi incapaz de proteger o seu 'staff' capturado em Sana", referindo-se a um recente ataque dos rebeldes Huthis, marcado pela detenção de mais de uma dezena de funcionários humanitários.
No final do discurso, Rashad Mohammed al-Alimi reforçou o pedido e apelou para que a comunidade internacional "liberte o Iémen do terrorismo".
O presidente acusou os Huthis de serem um "esquema criado pelo Irão para redesenhar as fronteiras de influência do seu regime" e alertou que este grupo há algum tempo que deixou de ser um mero movimento rebelde.
"Os Huthis já não são um grupo rebelde numa zona remota do país, são uma organização terrorista internacional armada até aos dentes", sustentou, acrescentando que os rebeldes passaram a ser "uma ameaça contra todo o mundo".
O líder do Iémen defendeu que a comunidade internacional devia reconsiderar a sua posição sobre o país, alegando que existem dois lados muito distintos no território iemenita: um que zela pela democracia e outro que governa ilegitimamente e de forma autoritária o país, que é palco de uma guerra civil desde 2014.
"De um lado temos uma frente nacional que acredita na legitimidade internacional, na cooperação, na democracia e trabalha para construir as intuições de um Estado, este é o lado que represento. Do outro lado temos uma organização sectária, excludente e fascista que conduz atos de terrorismo", afirmou.
Os rebeldes Huthis integram o chamado "eixo de resistência" liderado pelo Irão contra Israel, de que fazem parte outros grupos radicais da região, como o libanês Hezbollah e os palestinianos Hamas e Jihad Islâmica.
Israel e os Estados Unidos têm visado posições e infraestruturas associadas ao grupo e ainda hoje aviões israelitas atacaram alvos dos rebeldes em Sana.
Na quarta-feira, os Huthis feriram 22 pessoas no sul de Israel num ataque com um drone.
Al-Amini acusou também os rebeldes de estarem a "explorar a causa palestiniana" com os seus ataques a Israel e contra a navegação no Mar Vermelho.
"Reiteramos a nossa rejeição da exploração da causa justa da Palestina pelas milícias, que só trouxe isolamento e destruição à Palestina", afirmou.
O presidente do Iémen agradeceu ainda a ajuda financeira da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos e reafirmou o seu apoio à Autoridade Palestiniana como parte da solução para o fim do conflito israelo-palestiniano.
A Arábia Saudita liderou uma coligação militar internacional árabe que apoiou as forças governamentais iemenitas contra os Huthis.