Cientistas revelaram a descoberta de uma perna de dinossauro incrivelmente bem preservada e admitem que podem ter encontrado o primeiro fóssil de dinossauro morto por impacto de um asteroide.
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A perna de dinossauro agora divulgada, ainda com pele, faz parte de uma série de achados notáveis recuperados no sítio arqueológico de Tanis, no Estado norte-americano de Dakota do Norte.
Mas não são apenas as boas condições das peças ali encontradas que estão a entusiasmar os amantes de paleontologia. Admite-se que os animais encontrados em Tanis tenham morrido e ficado enterrados no dia em que um asteroide gigante atingiu a Terra, há 66 milhões de anos.
A descoberta está a ser avançada pela BBC, que fez filmagens em Tanis nos últimos três anos para um programa que vai ser transmitido na televisão britânica no próximo dia 15, com narração do naturalista David Attenborough.
"É um tescelossauro. É de um grupo que não tínhamos nenhum registo anterior de como era sua pele, e mostra muito conclusivamente que esses animais eram muito escamosos como lagartos. Não eram emplumados como os seus contemporâneos carnívoros", explica Paul Barrett, do Museu de História Natural de Londres e um dos especialistas independentes que foram ouvidos pelo programa da BBC.
"Parece um animal cuja perna foi simplesmente arrancada muito rapidamente. Não há evidências na perna de doença, não há patologias óbvias, não há vestígios da perna ser retirada, como marcas de mordida ou pedaços dela que faltam", acrescenta. "A melhor ideia que temos é que este animal morreu mais ou menos instantaneamente."
Vestígios a três mil quilómetros do impacto
Além da perna de dinossauro, há peixes que respiraram os detritos do impacto, há ainda o fóssil de uma tartaruga que foi espetada por uma estaca de madeira, restos de pequenos mamíferos e as tocas que eles fizeram, pele de um tricerátopo com chifres, o embrião de um pterossauro voador dentro do seu ovo e o que parece ser um fragmento do próprio asteroide.
"Encontramos muitos detalhes neste sítio que nos dizem o que aconteceu momento a momento, é quase como ver a acontecer nos filmes. Olhamos para a coluna de rocha, olhamos para os fósseis e isso leva-nos de volta até aquele dia", diz Robert DePalma, da Universidade de Manchester, no Reino Unido, que lidera a escavação em Tanis.
Atualmente, a ideia de que uma rocha espacial de aproximadamente 12 quilómetros de largura atingiu o planeta e causou a última extinção em massa é amplamente aceite.
O local do impacto foi identificado no Golfo do México, ao largo da Península de Yucatán. Fica a cerca de três mil quilómetros de Tanis, mas a energia transmitida pelo evento foi tão grande, que sua devastação foi sentida por toda parte.
O sítio arqueológico de Dakota do Norte revela uma grande confusão, que pode ser justificada por esse impacto. Há restos de animais e plantas que parecem terem sido transportados por ondas de água do rio desencadeadas por sismos inimagináveis. Os organismos aquáticos estão misturados com as criaturas terrestres.
Fósseis de peixes esturjão e peixe-remo têm pequenas partículas presas nas brânquias, que são esférulas de rocha derretida expulsas pelo impacto e caíram de volta ao planeta, neste caso, no rio. As esférulas foram ligadas quimicamente e por datação radiométrica ao local do impacto mexicano.
"Todas as evidências, todos os dados químicos desse estudo sugerem fortemente que estamos perante um pedaço do asteroide que acabou com os dinossauros", salienta Phil Manning, o supervisor de Robert DePalma em Manchester.