Novos fósseis de um tubarão semelhante a uma raia mostram que estes animais já estavam altamente evoluídos no Jurássico Superior, era compreendida entre há 163,5 milhões e 145 milhões de anos.
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Os peixes cartilagíneos, como os tubarões e as raias, são um grupo evolutivamente muito antigo de animais que viveram na Terra antes dos dinossauros, há mais de 400 milhões de anos, e que sobreviveram às cinco extinções em massa. Os seus restos fósseis podem ser encontrados em grande número em todo o Mundo, embora normalmente apenas os dentes sobrevivam, enquanto o esqueleto cartilaginoso se decompõe e não se fossiliza.
No entanto, no Arquipélago de Solnhofen, na Baviera, Alemanha, restos esqueléticos e até mesmo de pele e músculo de vertebrados do Jurássico Superior ficaram preservados sob condições especiais de conservação. Uma equipa internacional de investigadores aproveitou esta circunstância para analisar o papel até agora pouco claro dos Protospinax annectan, agora extintos, na evolução dos tubarões e das raias, com a ajuda de provas genéticas modernas.
O Protospinax viveu há cerca de 150 milhões de anos e era um peixe cartilaginoso com cerca de 1,5 metros de comprimento, achatado, com barbatanas peitorais expandidas e uma espinha proeminente na frente de cada barbatana dorsal. Embora conhecido dos fósseis bem preservados, a posição filogenética do Protospinax tem intrigado os investigadores desde que foi descrito pela primeira vez em 1918.
Segundo o autor do estudo, citado pela "Europa Press", o paleobiológo Patrick L. Jambura, era "de particular interesse" saber "se o Protospinax representa uma transição entre tubarões e raias como um elo perdido". Especulava-se ainda que o Protospinax possa ter sido um tubarão muito primitivo, um ancestral das raias e dos tubarões, ou um ancestral de um grupo particular de tubarões, o Galeomorphii, que inclui o grande tubarão branco dos nossos dias.
Com as mais recentes descobertas fósseis, Jambura e a equipa reconstruíram a árvore genealógica dos tubarões e raios atuais utilizando dados genéticos e grupos fósseis integrados com dados morfológicos. Os resultados da análise foram surpreendentes: o Protospinax não é nem um "elo perdido", nem uma raia, nem um tubarão primitivo, mas um tubarão altamente evoluído. As conclusões foram publicadas na revista científica "Diversity".
"Temos tendência a pensar na evolução como um sistema hierárquico, em forma de escada, no qual os grupos mais antigos se encontram na base, enquanto os humanos, como espécie muito jovem na história da Terra, se encontram no topo. Na realidade, porém, a evolução nunca parou nem mesmo para estes representantes primitivos, continuam a evoluir dia após dia através de mudanças no seu ADN, tal como nós o fazemos. Esta é a única forma de se terem conseguido adaptar a ambientes em constante mudança e sobreviver até aos dias de hoje", concluiu Jambuca.