O governo do Equador, que deu refúgio a Julian Assange, montou uma operação para proteger, mas também espiar, o fundador do Wikileaks.
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A informação resulta de uma investigação do jornal "The Guardian" e do site Focus Ecuador.
O australiano de 46 anos refugiou-se em junho de 2012 na embaixada do Equador em Londres para não ser extraditado para a Suécia, onde era acusado de violação e de agressão sexual, o que negava.
Segundo o "The Guardian", que cita documentos dos serviços de informações equatorianos, Quito montou uma operação com um orçamento de cinco milhões de dólares (4,2 milhões de euros) destinada, numa primeira fase, "a proteger" e "apoiar" Assange, mas que evoluiu para uma vigilância sistemática dos seus atos e gestos.
Para executar essa operação, o Governo equatoriano contratou uma empresa de segurança internacional que alugou um apartamento perto da embaixada, onde filmava e monitorizava toda a atividade na embaixada.
"O pessoal de segurança registava em detalhe as atividades diárias de Assange e as suas interações com o pessoal da embaixada, os seus advogados e outros visitantes. Documentaram igualmente as suas mudanças de humor", escreve o jornal.
A operação, primeiro designada "Operação Convidado" e, depois, "Operação Hotel", foi autorizada pelo então presidente do Equador, Rafael Correa.
O "The Guardian" escreve por outro lado que as relações entre a embaixada e Assange se foram deteriorando ao longo do tempo, nomeadamente depois de Assange ter conseguido entrar no sistema informático da embaixada e intercetar "comunicações oficiais e pessoais".
O Wikileaks negou as alegações descritas pelo "The Guardian" escrevendo no Twitter que se trata de "uma difamação anónima alinhada com a ofensiva dos EUA e Reino Unido contra Assange".
Assange permanece refugiado na embaixada por recear ser detido e extraditado para os Estados Unidos, onde pode ser processado pela publicação de documentos militares e diplomáticos confidenciais.