Quatro princesas estão presas há cerca de 15 anos por lutarem pelos direitos das mulheres, num dos países do mundo que mais limites impõe à igualdade de género, a Arábia Saudita.
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O "Era uma vez" desta história remonta a 2001, quando o falecido rei da Arábia Saudita, Abdullah bin Abdulaziz, prendeu as filhas em casa, por se oporem à detenção ilegal de presos políticos em centros psiquiátricos.
Sahar tem 44 anos, Maha tem 43, Hala, 41 e Yawaher, 40. São mulheres feitas mas são obrigadas a cumprir o castigo que o pai lhes deu, mesmo após a sua morte.
A voz que deram à crença nos direitos das mulheres fez com que Abdullah deixasse de as considerar filhas.
Em 2014, vários orgãos de comunicação do mundo todo conseguiram chegar à fala com as irmãs sauditas, que acabaram por descrever a forma como estavam a morrer à fome e à sede.
Numa troca de e-mails com o "Mufthah" - site noticioso do médio oriente -, Sahar explicou porque é que ela e as suas irmãs estavam a ser ostracizadas pelo resto da família real.
"Nós, juntamente com a nossa mãe, sempre fomos vozes ativas em questões como a pobreza, direitos das mulheres e outras causas queridas aos nossos corações. Discutíamo-las regularmente com o nosso pai mas nunca lhe caiu bem, nem a ele nem aos filhos dele, Mitab e AbdelAziz, nem à sua comitiva", contou.
Desde então que têm sido alvos do regime. Ainda que tenham sido "maltratadas a vida toda", a situação piorou nos últimos 15 anos, quando Hala começou a trabalhar num hospital, onde descobriu que presos políticos estavam a ser despejados e drogados em centros psiquiátricos. As queixas aos superiores em nada bom resultaram.
"Começou a receber mensagens ameaçadoras para se afastar. Descobrimos que ela estava a ser drogada também. Foi raptada de casa, deixada no deserto, e despejada na prisão de Olaysha, para mulheres", disse Sahar que, como Maha e Yawaher acabaram por ser drogadas também.
Rapidamente se tornaram naquilo que chamavam aos presos políticos que tentavam ajudar: vitima do sistemas.
Num vídeo publicado no Youtube, Sahar e Yawaher lamentaram não terem água nem comida dignas, e lembraram as "responsabilidades" das organizações de direitos humanos e da comunidade internacional que, segundo as próprias, são em parte "cúmplices do rei saudita".
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A ex-mulher do rei saudita, Alanoud Alfayez, chegou a enviar uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a pedir ajuda para libertar as suas filhas.
Segundo diplomatas da Arábia Saudita, as princesas estão detidas em Jidá, mas podem circular com guarda-costas.
Em chamada telefónica com o "New York Post", em 2015, as sauditas disseram ser agredidas por vários homens, incluindo os seus meios-irmãos que continuaram a determinar o seu destino, após a morte do pai.
Um dos irmãos, Mitab, lidera a Guarda Nacional Saudita, o que complica uma situação que, à partida, já era complicada.
Desde 2015 que não há novidades das princesas, mas o movimento "freethefour" (libertem as quatro), criado quando o caso se tornou público, continua ativo, na esperança que esta história de princesas termine com "felizes para sempre".