Zelensky acusou hoje a Rússia de estar a levar "centenas de milhares" de ucranianos para os transformar em "escravos silenciosos". O presidente ucraniano discursou, pela primeira vez desde o início da invasão, na reunião do Conselho de Segurança da ONU e voltou a falar do horror vivido em Bucha, aproveitando para criticar a passividade do organismo perante a ofensiva russa. A Rússia prepara-se para controlar a "totalidade do Donbass".
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- O Presidente ucraniano acusou a Rússia de "colonialismo", por retirar "centenas de milhares" de ucranianos do seu país, perante o Conselho de Segurança da ONU, em Nova Iorque, em intervenção por videoconferência. Voltando a lembrar o cenário encontrado em Bucha, e que chocou o Mundo, Zelensky falou de "genocídio", acrescentando ainda que as pessoas foram alvejadas na rua, em casa, atiradas para poços e esmagadas por tanques no meio da estrada "só para o prazer" dos soldados russos. O líder ucraniano pediu ainda uma reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que permita ao organismo ser "realmente eficaz" e "garantir a paz".
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- O secretário-geral das Nações Unidas falou esta terça-feira em possíveis "crimes de guerra" na cidade ucraniana de Bucha e exortou o Conselho de Segurança "a fazer tudo o que estiver ao seu alcance" para travar o conflito. "Jamais esquecerei as imagens horríveis de civis mortos em Bucha. Solicitei imediatamente uma investigação independente para garantir uma efetiva responsabilização. Também estou profundamente chocado com testemunhos pessoais de violações e violência sexual que agora estão a surgir", disse António Guterres, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.
- A Rússia está a reforçar o dispositivo militar "para assumir o controlo da totalidade do Donbass", leste da Ucrânia, e "estabelecer uma ponte terrestre com a Crimeia", anexada por Moscovo em 2014, disse hoje o secretário-geral da NATO. "Estamos numa fase crucial da guerra", assinalou Jens Stoltenberg. O Estado-Maior da Ucrânia refutou a informação, garantindo que a Rússia está a reagrupar as tropas e a preparar uma ofensiva no leste do país.
- Dezenas de políticos e empresários russos, bem como quatro bancos, foram acrescentados à lista de sanções na União Europeia (UE) e diplomatas serão expulsos de Bruxelas. Os Estados Unidos da América também vão anunciar novas sanções à Rússia na quarta-feira, em coordenação com os países do G7 e a União Europeia.
- A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, vão viajar esta semana para Kiev para se reunirem com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
- As tropas russas lançaram um total de 54 ataques contra a cidade e região de Kharkiv, no leste da Ucrânia, nas últimas 24 horas, resultando em pelo menos seis mortos e oito feridos, denunciou hoje o Exército ucraniano. Os ataques russos de segunda-feira na cidade de Mykolaiv, no sul da Ucrânia, provocaram pelo menos 12 vítimas mortais entre os habitantes, anunciou a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova.
- Nova ronda de expulsões de diplomatas e funcionários russos. Estónia, Letónia, Suécia e Eslovénia anunciaram a expulsão de um total de 63 diplomatas e funcionários russos colocados nos quatro países. Dinamarca e Itália expulsaram 45 diplomatas russos e a Espanha 25 por considerá-los "uma ameaça à segurança". Também Portugal se juntou a esta lista ao declarar "persona non grata" 10 funcionários da missão diplomática da embaixada russa em Lisboa, dando-lhes duas semanas para abandonar o país.
Balanço
- Guerra fez pelo menos 3675 vítimas civis, incluindo 1480 mortos e 2195 feridos, a maioria das quais atingidas por armamento explosivo de grande impacto, indicou hoje a ONU.
- Mais de 11 milhões de ucranianos fugiram das suas casas desde o início da invasão russa, entre os que deixaram o país e os que mudaram de região, anunciou hoje a Organização Internacional das Migrações (OIM).
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