Fontes oficiais russas vieram rapidamente acusar a Ucrânia de encenações após a divulgação de imagens de civis mortos - incluindo alguns de mãos atadas. Porém, análises independentes desmontam por completo as alegações russas.
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As primeira imagens da cidade de Bucha após a retirada russa ecoaram com estrondo. Dezenas de civis mortos ao longo de uma estrada. Corpos empilhados em valas comuns e cadáveres amontoados e queimados.
A condenação mundial foi rápida. Tal como o desmentido russo. O próprio ministro dos Negócios Estrangeiros russo veio acusar as forças ucranianas de despejar cadáveres após a saída dos russos e de encenar os vídeos.
Nas redes sociais, várias contas e páginas conotadas com o regime de Vladimir Putin seguiram a deixa de Sergei Lavrov e publicaram excertos de vídeos em câmara lenta ou aumentados para tentar mostrar que não havia mortos e que os cadáveres se mexiam.
Acusações russas "versus" factos
Todavia, após uma análise exaustiva a vários registos, testemunhos e imagens satélite, as equipas de verificação de factos da BBC e do New York Times vieram deitar por terra as alegações russas e confirmar a veracidade das imagens e confirmar a morte de cidadãos comuns.
No mês passado, o Laboratório de Provas da Amnistia Internacional com base em testemunhos, imagens de satélite, e vídeos e fotos dos locais, já havia confirmado pelo menos 11 ataques russos a alvos civis.
Corpos colocados após retirada russa?
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, diz que os corpos na estrada foram lá colocados após a saída dos russos. Imagens de satélite obtidas pelo New York Times mostram que vários dos corpos já estavam prostrados na estrada duas semanas antes da retirada russa.
Cadáveres que se mexem?
Imagens publicadas nas redes sociais tentam mostrar que os corpos se movem e que afinal as pessoas não estão mortas. A equipa da BBC analisou cuidadosamente as imagens e verificou que num caso a ilusão de movimento é provocada por uma gota de água no para-brisas; no outro, é uma deformação causada pelo reflexo do espelho retrovisor.
Sem "rigor mortis" e "manchas cadavéricas"?
Um tweet do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo questiona a ausência de "rigor-mortis" e de "manchas cadavéricas" nos supostos corpos que aparecem em vídeos de Bucha. Um patologista forense explicou à BBC que após alguns dias a rigidez cadavérica tende a desaparecer e que as manchas cadavéricas podem não ser facilmente observáveis em corpos deitados e sujeitos à chuva.
Nenhum residente de Bucha foi maltratado sob domínio russo?
O ministro da Defesa russo garante que "nenhum residente sofreu qualquer tipo de ação violenta" enquanto Bucha esteve sobre controlo das topas russas. Vários moradores de Bucha testemunharam a jornalistas independentes e a organizações não-governamentais que houve execuções sumárias, pilhagens e sequestros por parte do exército russo.