Espanha vai enviar um navio militar ao encontro da flotilha Global Sumud que está a caminho de Gaza, para o caso de ser necessário dar apoio aos barcos que a integram ou fazer resgates, anunciou hoje o primeiro-ministro.
Corpo do artigo
"O Governo de Espanha exige que se cumpra a lei internacional e se respeite o direito dos nossos cidadãos de navegar pelo Mediterrâneo em condições de segurança", disse Pedro Sánchez, para justificar a saída desde o sul de Espanha, na quinta-feira, de um navio militar "equipado com todos os meios necessários para o caso de ser preciso dar assistência à flotilha e realizar resgates".
O primeiro-ministro espanhol, que falava em Nova Iorque, à margem da Assembleia-Geral das Nações Unidas, lembrou que a "flotilha da paz" integra pessoas de 45 países que "vão levar alimentos à população de Gaza e expressar a solidariedade com o povo de Gaza de uma ampla maioria de nações do mundo" e que Espanha já tinha avisado publicamente Israel de que iria "proteger diplomaticamente e do ponto vista político os seus cidadãos".
A flotilha Global Sumud, composta por cerca de 50 navios com ativistas, políticos, jornalistas e médicos de mais de 40 nacionalidades, incluindo a ecologista sueca Greta Thunberg e três portugueses (a deputada Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício), é considerada a maior flotilha organizada até ao momento.
"Esperemos que não suceda", afirmou, antes de acrescentar que o navio militar que sai na quinta-feira de Espanha é uma "salvaguarda e uma segurança" para os membros da flotilha, que "estão a expressar a solidariedade de milhões e milhões de pessoas no mundo", como ficou patente na Assembleia-Geral da ONU a decorrer esta semana em Nova Iorque, "onde claramente a imensa maioria de países e, portanto, de sociedades, não aceitam a situação que se está a vier em Gaza".
O líder do Governo espanhol voltou a dizer que há um genocídio na Faixa de Gaza.
Rei de Espanha falou na ONU pela primeira vez em dez anos
Coube ao Rei de Espanha - e não a Sánchez - falar hoje no debate geral da 80.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU. Num discurso alinhado com o Governo, o chefe de Estado espanhol não usou a palavra genocídio, mas pediu a Israel para acabar com "o massacre" e os "atos aberrantes" na Faixa de Gaza, considerando ser difícil de entender que estejam a ser cometidos em nome de um povo que "sofreu tanto".
Leia também Felipe VI pede fim dos "atos aberrantes" de Israel em Gaza
"Clamamos, imploramos, exigimos: parem já com este massacre", disse Felipe VI, que considerou não ser possível "ficar em silêncio nem olhar para o outro lado" perante "atos aberrantes" que "repugnam a consciência humana e envergonham o conjunto da comunidade internacional".
Foi a primeira vez numa década que Felipe VI falou na Assembleia-Geral da ONU, com o discurso de Espanha a ser normalmente assumido pelo chefe de Governo.