A direção da Flotilha Global Sumud anunciou, esta sexta-feira, que não vai aceitar o apelo do presidente italiano, Sergio Mattarella, para desistir da tentativa de romper o bloqueio israelita e entregar ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
Corpo do artigo
Mattarella tinha apelado à flotilha para aceitar a oferta da Igreja Católica, que propôs levar a carga até Chipre e depois ao Patriarcado Latino de Jerusalém, garantindo a entrega em Gaza e a segurança das pessoas a bordo, incluindo muitos cidadãos italianos.
"Não podemos aceitar esta proposta. A questão da ajuda é muito importante. Estamos prontos a considerar uma mediação, mas não a mudar de rumo, porque isso significaria admitir que se deixa um governo agir ilegalmente sem nada poder fazer", afirmou um porta-voz da direção da flotilha.
Na quinta-feira, o ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, disse no Parlamento que o Governo não poderá proteger a flotilha caso esta entre em águas territoriais de Israel. A Marinha italiana mantém uma fragata próxima da flotilha, depois de esta ter sido alvo de um ataque com drone esta semana.
"Permito-me apelar com particular intensidade às mulheres e aos homens da flotilha para aceitarem a disponibilidade oferecida pelo Patriarcado Latino de Jerusalém - que também se empenha com firmeza e coragem na proximidade com o povo de Gaza - para levar a cabo a entrega segura da solidariedade destinada às crianças, mulheres e homens de Gaza", declarou Mattarella.
"O valor da vida humana, que parece ter perdido todo o sentido em Gaza, onde é gravemente espezinhada com sofrimento desumano para a população, exige que se evite colocar em risco a segurança de qualquer pessoa", acrescentou.
Também quinta-feira, Israel assegurou que a Marinha está preparada para intercetar a Flotilha Global Sumud, composta por cerca de 50 navios, que pretendem romper o bloqueio imposto a Gaza.
"A Marinha está bem preparada para defender as fronteiras do Estado de Israel, tal como já fazemos em terra e no ar. Estamos prontos", afirmou o porta-voz militar, brigadeiro-general Effie Defrin, numa conferência de imprensa.
Segundo Defrin, a flotilha é financiada por representantes do movimento islamita palestiniano Hamas na Europa.
"Temos provas disso. Todos os que apoiam esta iniciativa estão, na verdade, a apoiar os assassinos de 7 de outubro", disse o porta-voz, numa referência ao ataque lançado pelo Hamas contra Israel em 2023.
A flotilha alegou na quarta-feira ter sido alvo de "explosões intimidatórias", ao largo da Grécia, que atribuiu a Israel.
A Global Sumud é composta por cerca de 50 navios com cerca de 500 ativistas, políticos, jornalistas e médicos de mais de 40 nacionalidades, incluindo três portugueses: a deputada Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício.
A guerra em Gaza, que dura há quase dois anos e que já causou a morte a mais de 65.000 palestinianos, foi desencadeada pelo ataque do movimento islamita palestiniano Hamas contra Israel, a 7 de outubro de 2023.
Em agosto, a ONU declarou a fome no território palestiniano, sujeito a um rigoroso bloqueio por parte de Israel desde o início do conflito que opõe o Estado judaico ao movimento islamita, considerado terrorista pela União Europeia e Estados Unidos da América.