Esta missão "não deveria existir", diz Greta Thunberg antes de zarpar com ajuda para Gaza
A ativista sueca Greta Thunberg, que partirá no domingo de Barcelona na flotilha para tentar levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, afirmou que missões como esta não deveriam existir, mas que são necessárias devido à inércia dos países em "prevenir o genocídio".
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"Não deveria depender de nós. Uma missão como esta não deveria existir", afirmou a sueca de 22 anos à AFPTV em Barcelona, Espanha, de onde partirá no domingo a frota humanitária com ativistas.
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Deve ser "responsabilidade (...) dos nossos governos e dos funcionários eleitos agir e tentar defender o direito internacional, prevenir crimes de guerra, prevenir o genocídio", mas "eles estão a falhar em fazê-lo e, com isso, estão a trair os palestinianos, e também toda a humanidade", disse Thunberg. "Portanto, infelizmente, cabe a nós, cidadãos comuns, organizar estes barcos" com ajuda, apontou.

Foto: LLUIS GENE / AFP
A iniciativa, chamada "Global Sumud Flotilla" (sumud significa perseverança em árabe), pretende "chegar a Gaza, entregar ajuda humanitária, anunciar a abertura de um corredor humanitário e, em seguida, trazer mais ajuda, para assim acabar com o bloqueio ilegal e desumano de Israel sobre Gaza", explicou a jovem ativista.
Os organizadores não revelaram a hora exata da partida nem o número de barcos que partirão do porto espanhol. "Não importa o que arriscamos no mar, não é nada comparado com o que os palestinianos arriscam todos os dias ao tentar transmitir a sua vontade de viver", destacou Thunberg, que disse não temer ser detida pelas autoridades israelitas.
Esta nova iniciativa surge após uma recente tentativa frustrada de levar ajuda a Gaza, na qual Thunberg participou. O veleiro "Madleen", com 12 ativistas de diversas nacionalidades, foi intercetado em 9 de junho pelas forças israelitas a cerca de 185 quilómetros a oeste da costa de Gaza. Posteriormente, foram expulsos.
Agradecimento
O presidente da Câmara de Barcelona indicou hoje que os autarcas das cidades palestinianas de Belém e Ramallah lhe enviaram mensagens de "agradecimento e esperança" pela Flotilha Humanitária.
Jaume Collboni divulgou nas suas redes sociais vídeos dos presidentes das Câmaras de Belém e Ramallah, na Cisjordânia, Maher N. Canawati e Issa Kassis, respetivamente, nos quais estes expressam gratidão pela constituição da frota, com cerca de 50 barcos com ajuda humanitária e centenas de pessoas a bordo, entre ativistas, políticos, artistas ou outras figuras públicas oriundas de 44 países, como os portugueses Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício.
Na sua mensagem, Kassis sublinha que os participantes da flotilha internacional que partirá para a Faixa de Gaza no domingo são "os heróis" da população que resiste e anseia por justiça perante "um genocídio que deve parar".
Canawati, por sua vez, salienta que a viagem "não é um gesto de solidariedade, mas de humanidade" e que os participantes "estão a embarcar numa viagem histórica" que a população de Gaza vai proteger acendendo velas nas suas igrejas.
Na mesma linha, Collboni refere que "esta flotilha não transporta apenas ajuda humanitária vital, mas também a esperança de milhares de pessoas que vivem em situações desesperadas", acrescentando que é "um poderoso lembrete da importância da cooperação internacional" e da força que se tem quando se age "em conjunto".
