Os "jihadistas" do Estado Islâmico enviaram uma mensagem de correio eletrónico à família do jornalista norte-americano James Foley alertando para a sua iminente execução, uma semana antes de divulgarem o vídeo da sua decapitação.
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O "GlobalPost", um dos órgãos com o qual o jornalista colaborava, publicou, esta quinta-feira, na íntegra, a mensagem de correio eletrónico que a família recebeu, no passado dia 12, "em nome da transparência e para contar toda a história de Jim".
"Vocês e os vossos cidadãos vão pagar o preço dos vossos bombardeamentos. O primeiro com o sangue do norte-americano James Foley", escreveram os extremistas na mensagem.
Na mensagem, publicada com a autorização da família, os "jihadistas" do Estado Islâmico (EI) adiantavam que o jornalista seria "executado como consequência direta" da recente intervenção no Iraque, onde os Estados Unidos levam a cabo há mais de uma semana ataques "seletivos" sobre posições do EI no norte do país.
O "GlobalPost" explica, num artigo que acompanha a mensagem dos "jihadistas", que não é completamente verdade, como asseguram, que tenham dado à família "muitas oportunidades para negociar" a libertação de Foley.
Antes de publicar o email, o CEO do "GlobalPost", Philip Balboni, tinha dito que os raptores entraram em contacto com o órgão de comunicação e com a família menos de uma dezena de vezes e que "os raptores nunca negociaram verdadeiramente" uma maquia, exigindo-a apenas. "Nunca levámos os 100 milhões a sério", disse Balboni à CNN.
A administração norte-americana opõe-se ao pagamento de qualquer resgate, sob o argumento de que encoraja a tomada de reféns. "Não fazemos concessões a terroristas. Isso inclui não pagarmos resgates", afirmou a porta-voz adjunta do Departamento de Estado norte-americano, Marie Harf, na quinta-feira, em declarações aos jornalistas.
O jornalista foi sequestrado em novembro de 2012 e desde então a família não tinha qualquer informação sobre si até ao dia 26 de novembro de 2013, quando os seus raptores pediram um resgate.
Em concreto, uma verba equivalente a 100 milhões de euros, além da exigência de que fossem libertados vários "jihadistas" presos nos Estados Unidos.
A segunda e última vez que a família do jornalista teve notícias dos raptores foi no passado dia 12, ou seja, apenas uma semana antes de vir a público a notícia da sua morte, no dia 19.
Foley foi sequestrado quando se dirigia para a fronteira com a Turquia e, apesar de inicialmente se pensar que estava nas mãos de milícias pró-governamentais, mais tarde concluiu-se que era refém dos "jihadistas" do Estado Islâmico na Síria.
No vídeo, publicado esta terça-feira pelos extremistas, em que se mostra a sua decapitação, Foley despede-se da família e acusa o Governo norte-americano de ser o responsável pela sua execução por causa da sua recente intervenção no Iraque.
Como assinalaram os "jihadistas", a vida de outro jornalista norte-americano - Steven Joel Sotloff - "depende da próxima decisão de Obama".