Um estudante uigur está desaparecido em Hong Kong há mais de duas semanas, desde que enviou uma mensagem a dizer que estava a ser interrogado pela polícia chinesa no aeroporto da cidade, reportou, esta sexta-feira, a Amnistia Internacional (AI).
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Segundo a organização de defesa e promoção dos direitos humanos, Abuduwaili Abudureheman, nascido em Xinjiang, no oeste da China, viajou da Coreia do Sul para Hong Kong para visitar um amigo a 10 deste mês, mas desconhece-se o seu paradeiro desde que enviou a mensagem de texto ao amigo.
"O paradeiro desconhecido de Abuduwaili Abudureheman é profundamente preocupante, tendo em conta o historial de crimes contra a humanidade cometidos contra os uigures pelo Governo chinês em Xinjiang e a sua perseguição contínua aos uigures que viajam para o estrangeiro", afirmou Alkan Akad, investigador da AI na China, num comunicado.
Num comunicado, Akad refere que o estudante parece ter sido detido e interrogado, o que levanta questões sobre o possível envolvimento do Governo de Hong Kong nas violações dos direitos humanos cometidas por Pequim contra os uigures.
Contactado pela Amnistia e pela agência noticiosa Associated Press (AP), o executivo de Hong Kong ainda não comentou.
Hong Kong é uma antiga colónia britânica que regressou ao domínio chinês em 1997 com a promessa de que poderia manter as suas liberdades e autonomia de estilo ocidental durante 50 anos.
Mas os críticos afirmam que Pequim está a aumentar o controlo sobre o território e a reduzir as liberdades.
As Nações Unidas e várias organizações defesa dos direitos humanos acusam a China de deter um milhão ou mais de uigures e membros de outros grupos predominantemente muçulmanos em campos onde muitos afirmam ter sido torturados, agredidos sexualmente e obrigados a abandonar a sua língua e religião.
A China nega as acusações, que se baseiam em entrevistas a sobreviventes e em fotografias e imagens de satélite da região de Xinjiang, onde vivem muitos uigures.
A Amnistia Internacional disse ter conhecimento de que Abuduwaili Abudureheman, que estuda em Seul há sete anos, se encontrava numa "lista de observação" do governo chinês devido ao seu historial de viagens ao estrangeiro e instou as autoridades de Hong Kong a revelarem o seu paradeiro.
"Ele corre um sério risco de ser torturado devido à sua etnia e religião. Se for detido, deve ter acesso a um advogado e a familiares e ser protegido contra quaisquer maus tratos", declarou Akad.