
OLGA IVASHCHENKO/EPA
O voo MH17 pode ter sido abatido "por engano" sobre o Leste da Ucrânia pelos separatistas pró-russos mal treinados disseram, esta quarta-feira, responsáveis pelos serviços de informações dos Estados Unidos.
Os serviços de informações norte-americanos afirmaram ainda, em conferência de imprensa em Washington, que a explicação da Rússia sobre a catástrofe, que sugere a responsabilidade da Ucrânia, "não faz sentido".
O responsável norte-americano que falou aos jornalistas sob anonimato disse que as provas sugerem que os separatistas dispararam um míssil terra-ar SA-11, que atingiu o avião da Malásia, mas ainda não se sabe "quem puxou o gatilho" nem porquê.
"A explicação mais plausível é a de que foi um engano", sendo que o míssil foi disparado "por um grupo mal treinado", que usou um sistema que requer conhecimentos e prática, acrescentou o mesmo elemento dos serviços de informações.
A mesma fonte referiu-se ainda a incidentes anteriores ocorridos por engano e que envolveram russos e norte-americanos, atingindo aparelhos de aviação civil, tais como o avião da Coreia do Sul que foi abatido por um caça da ex-URSS em 1983 e o avião de passageiros iraniano que foi atingido pelo disparo de um míssil a partir de um navio da Marinha de guerra dos Estados Unidos.
"Todos nós conhecemos os erros do passado", disse aos jornalistas.
Operacionais russos têm sido referidos como estando em permanência no terreno, mas os serviços secretos norte-americanos não têm provas concretas da presença de russos junto de uma unidade de misseis SA-11 que disparou contra o voo MH17 na sexta-feira.
Um satélite dos Estados Unidos e "outros equipamentos de alta tecnologia" confirmam que o avião que transportava 298 pessoas foi atingido por um míssil SA-11 terra-ar disparado da área controlada pelos separatistas pró russos.
Apesar de os Estados Unidos terem detetado o movimento, no leste da Ucrânia, de armas pesadas, incluindo sistemas de defesa antiaérea russos, os serviços de informações de Washington não localizaram movimentações de lança mísseis SA-11 antes de o avião ter sido abatido, disse o mesmo responsável norte-americano.
Os militares russos têm estado a treinar os separatistas ucranianos na base de Rostov, na Rússia, com vários tipos de armamento, incluindo os sistemas de defesa antiaéreo.
Mesmo assim, os norte-americanos responsáveis pelos serviços de informações que falaram hoje com os jornalistas dizem que não há provas concretas de que os russos estão a treinar separatistas a operar com as baterias de mísseis SA-11.
O mesmo responsável adiantou que os serviços de informações decidiram falar com os jornalistas, "em parte", para contrariar o que classificou de "propaganda da Rússia" divulgada através dos meios de comunicação social "controlados por Moscovo" sobre o incidente.
As afirmações de que o Boieng 777 da Malásia procedeu a uma manobra perigosa semelhante "às que fazem os aviões militares" não tem fundamento e, segundo o mesmo responsável, trata-se "do caso típico em que se culpam as vítimas".
As acusações que referem um ataque das forças ucranianas são para os Estados Unidos infundadas porque Kiev não tem mísseis SA-11 na zona de onde o disparo foi efetuado, que está sob controlo dos separatistas.
O membro dos serviços secretos disse ainda que, nesse caso, as tropas ucranianas teriam de ter transportado para a zona os mísseis, efetuar o disparo e depois regressar para oeste rapidamente.
"Esse cenário não é plausível para mim", afirmou.
Caixas negras entregues
As caixas negras do voo MH17 da Malaysia Airlines que caiu quinta-feira na Ucrânia foram entregues aos investigadores holandeses, que vão dirigir o inquérito internacional às causas da queda, anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros dos Países Baixos.
"As caixas negras do voo MH17 foram entregues aos investigadores holandeses do Gabinete para a Segurança (OVV, na sigla em holandês) pelos técnicos malaios", indicou o Ministério, em comunicado divulgado na noite de terça para quarta-feira.
