Uma nova investida dos EUA contra um barco suspeito de tráfico de droga matou duas pessoas, afirmou o secretário de Defesa Pete Hegseth nesta quarta-feira, anunciando o primeiro ataque desse tipo de Washington a uma embarcação no Oceano Pacífico.
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O ataque, que Hegseth anunciou numa publicação no X, eleva o número total para pelo menos oito, deixando pelo menos 34 pessoas mortas.
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"Havia dois narcoterroristas a bordo da embarcação durante o ataque, que foi realizado em águas internacionais. Ambos os terroristas foram mortos e nenhuma força americana foi ferida neste ataque", disse Hegseth sobre a ação de terça-feira no Pacífico oriental.
"Assim como a al-Qaeda travou uma guerra contra a nossa pátria, esses cartéis estão a travar uma guerra contra a nossa fronteira e o nosso povo. Não haverá refúgio ou perdão - apenas justiça", escreveu ele.
A administração de Donald Trump afirma num comunicado ao Congresso que os Estados Unidos estão envolvidos num "conflito armado" com os cartéis de droga latino-americanos, descrevendo-os como grupos terroristas como parte da sua justificação para os ataques.
On October 17th, at the direction of President Trump, the Department of War conducted a lethal kinetic strike on a vessel affiliated with Ejército de Liberación Nacional (ELN), a Designated Terrorist Organization, that was operating in the USSOUTHCOM area of responsibility.
- Secretary of War Pete Hegseth (@SecWar) October 19, 2025
The... pic.twitter.com/1v7oR879LC
"O presidente determinou que estes cartéis são grupos armados não estatais, designou-os como organizações terroristas e determinou que as suas ações constituem um ataque armado contra os Estados Unidos", afirma o comunicado do Pentágono, que também descreve os suspeitos de contrabando como "combatentes ilegais".
Mas Washington não divulgou provas para sustentar a sua afirmação de que os alvos dos ataques são traficantes de droga, e especialistas afirmam que as execuções sumárias são ilegais, mesmo que tenham como alvo traficantes de droga confirmados.
Tensões regionais
Na semana passada, pela primeira vez, houve sobreviventes de um ataque dos EUA, mas Washington optou por repatriá-los em vez de levá-los a julgamento pelos crimes de que são acusados.
O Equador libertou um deles por não encontrar provas de que tivesse cometido um crime, enquanto as autoridades colombianas afirmaram que o outro - que "chegou com traumatismo craniano, sedado, drogado e a respirar com um ventilador" - seria julgado.
A campanha militar dos EUA - que levou Washington a enviar aviões de guerra furtivos e navios da Marinha como parte do que afirma ser um esforço de combate ao narcotráfico - alimentou as tensões com os países da região.
Esse é especialmente o caso da Venezuela, onde o aumento das forças americanas gerou temores de que o objetivo final seja o derrube do presidente Nicolás Maduro, acusado por Washington de liderar um cartel de drogas.
Os Estados Unidos não especificaram a origem de todas as embarcações que intercetaram, mas afirmaram que algumas delas vieram da Venezuela.
Entretanto, uma disputa pública entre Trump e o líder esquerdista colombiano Gustavo Petro intensificou-se nas últimas semanas devido à campanha antidrogas mortal do presidente republicano.
No domingo, Trump prometeu acabar com toda a ajuda à nação sul-americana - um parceiro historicamente próximo dos EUA e o maior produtor mundial de cocaína - e rotulou Petro, que acusou o presidente dos EUA de assassinato, como um "traficante de drogas ilegal".
Mas poucos dias depois, o presidente colombiano reuniu-se com o principal diplomata dos EUA no seu país para discutir os esforços de combate ao narcotráfico, com o Ministério das Relações Exteriores de Bogotá a considerar que os dois lados "reafirmaram o compromisso de ambas as partes em melhorar as estratégias de combate às drogas".