Novo executivo de Durão Barroso pode ser penalizado caso se confirme uma fraca representação feminina.
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Ouvidas pela Agência Lusa, Edite Estrela, do PS, Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, e Ilda Figueiredo, do PCP, afirmam-se muito preocupadas com o "sinal negativo" que constitui uma Europa com cada vez menos mulheres nos cargos de alta responsabilidade política e admitem abster-se ou votar contra a futura Comissão, se não for minimamente assegurada a igualdade de géneros.
Apenas Regina Bastos, do PSD, exclui a hipótese de penalizar a Comissão de Durão Barroso com um voto desfavorável, lembrando que o presidente do executivo comunitário "fez tudo ao seu alcance" para assegurar uma forte presença feminina no seu colégio, com recomendações expressas nesse sentido aos Estados-membros.
Na véspera da cimeira de líderes europeus para a escolha das personalidades que ocuparão os novos cargos de presidente do Conselho e Alto Representante dos Negócios Estrangeiros da UE, a questão da igualdade de géneros está na ordem do dia em Bruxelas, com muitas vozes a erguerem-se contra o que classificam de "machismo" europeu.
A preocupação prende-se com o facto de os dois novos altos cargos criados pelo Tratado de Lisboa poderem vir a ser atribuídos a homens - os nomes mais falados são do sexo masculino - e com as indicações de queguerem-se contra o que classificam de "machismo" europeu.
A preocupação prende-se com o facto de os dois novos altos cargos criados pelo Tratado de Lisboa poderem vir a ser atribuídos a homens - os nomes mais falados são do sexo masculino - e com as indicações de que a nova Comissão Europeia contará com menos mulheres que o primeiro executivo de Durão Barroso (2004-2009).
Actualmente, Durão Barroso conta com oito comissárias na sua equipa, tendo já chegado a contar com dez, mas no processo de designação dos futuros comissários, e apesar dos seus apelos aos Estados-membros, apenas quatro países, de acordo com fontes comunitárias, designaram até ao momento mulheres, quando já restam poucos nomes por apontar.
A social-democrata Regina Bastos, que integra a Comissão dos Direitos da Mulher e da Igualdade dos Géneros do Parlamento Europeu, sustentou que as críticas são "politicamente correctas", mas mal direccionadas, sublinhando que "a questão é que o presidente da Comissão Europeia não pode apresentar" um colégio com forte representação feminina se os 27 não designarem mulheres para os postos de comissários.
Para a deputada, se há críticas a fazer, e concordou que haja, essas devem ser dirigidas "aos chefes de Estado e de governo".
Já a socialista Edite Estrela, vice-presidente da Comissão dos Direitos da Mulher, disse estar "muito preocupada" com "o sinal muito negativo que se está a dar aos cidadãos e ao Mundo" com a escolha quase exclusiva de homens para os cargos de grande responsabilidade na UE e a ideia de que não há mulheres capazes de assumir essas funções.
"Admito não ter condições para votar a favor" da futura Comissão, disse, acrescentando que a ponderação do sentido de voto dependerá ainda de outros factores, tais como o peso político dos pelouros que forem atribuídos às (poucas) comissárias designadas.
Também Marisa Matias disse que esse cenário (abstenção ou voto contra) "não é uma questão a colocar de lado", já que o Parlamento Europeu, sendo uma instituição democrática e a única eleita pelos cidadãos, tem "uma palavra a dizer" sobre um fenómeno que também considerou preocupante.
A deputada eleita pelo Bloco sustentou que, apesar de todas as alterações legais e recomendações, a verdade é que, quando é chegada a altura de atribuir cargos com alto peso político, "de maneira nenhuma a distribuição é minimamente paritária".
Por fim, Ilda Figueiredo também manifestou a sua "apreensão" com o actual cenário, que considerou mesmo de regressão, e disse que a fraca representatividade feminina no futuro colégio de comissários é "naturalmente mais uma razão para o voto contra" o executivo, dado ser mais "um sinal negativo que desvaloriza o