Para contestar a política de ocupação israelita, uma delegação do Parlamento Europeu (PE), que inclui o português João Pimenta Lopes, realiza, entre segunda e sexta-feira, uma missão à Palestina, insistindo nos pedidos de visita a Gaza, que tem sido sistematicamente impedida pelas autoridades israelitas. O eurodeputado do PCP critica a União Europeia pelo "silêncio" e os EUA pela "cumplicidade".
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O eurodeputado comunista adiantou ao JN que "esta missão constitui um novo momento de denúncia da política de ocupação israelita", que é "violenta e ilegal", e também de "exigência do respeito e cumprimento dos direitos nacionais do povo palestiniano".
Como membro efetivo da delegação do PE para as relações com a Palestina, João Pimenta Lopes integrará a missão com outros seis deputados, de diferentes grupos políticos.
Contactos com ONU
O programa inclui contactos com a Autoridade Nacional Palestiniana e com organizações que atuam no território, como a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente.
"A missão aprofundará o conhecimento sobre a política de ocupação e de colonização que Israel impõe nos territórios ilegalmente ocupados da Palestina, desrespeitando o direito internacional e resoluções das Nações Unidas", acrescentou o eleito.
A delegação terá a oportunidade de visitar Hebron, mas a deslocação a Gaza "está ainda pendente de autorização das autoridades israelitas". A propósito, o eurodeputado recordou que a visita a Gaza tem sido "sistematicamente impedida" pelas autoridades israelitas em anteriores missões da delegação.
Usurpação de casas
A visita deste mês ocorre num momento em que se tem vindo "a intensificar a política de colonização israelita", disse João Pimenta Lopes, dando o exemplo dos processos de despejos forçados e ocupação de territórios, "ampliando o número de colonatos, incluindo pela usurpação de casas de palestinianos, tomadas por colonos israelitas".
Entretanto, "situações como a invasão da mesquita Al Aqsa ou o assassinato da jornalista Shireen Abu Aqleh", que levou o PCP a questionar a Comissão Europeia, bem como "a repressão que se seguiu sobre o cortejo fúnebre são exemplos recentes da violência exercida por Israel sobre o povo palestiniano".
Críticas à União Europeia
O plenário do Parlamento Europeu tem sido palco para denunciar "o incompreensível silêncio das instituições da União Europeia (UE) e a ausência de uma sua qualquer iniciativa, nomeadamente no âmbito do Acordo de Associação UE-Israel, que inclui uma cláusula de suspensão".
"Apesar de afirmar o apoio à solução de dois estados, contribui objetivamente pela sua ação, ou omissão, para a continuidade da política israelita de ocupação e colonização, que impede a concretização dos inalienáveis direitos nacionais do povo palestiniano, consagrados no direito internacional", ataca João Lopes.
Por sua vez, "a administração Biden persiste no reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel", sendo os EUA "cúmplices" desta opressão.
Processo negocial bloqueado
"Trata-se da opressão de todo um povo. Opressão que permanece impune e que conta particularmente com a cumplicidade dos EUA. Recorde-se que a administração Biden persiste no reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, dando continuidade à ilegal decisão da administração Trump", critica João Pimenta Lopes.
"O inaceitável prosseguimento e intensificação da ilegal e violenta ocupação israelita impede o desenvolvimento de um processo negocial que permita concretizar a solução de dois estados, e visa impedir a concretização dos direitos nacionais do povo palestiniano, designadamente com a constituição de um Estado da Palestina livre, soberano, viável e independente nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Leste como capital, e cumprimento do direito ao retorno dos refugiados palestinianos, de acordo com as resoluções da ONU", adverte igualmente o eleito do PCP.
Ações violentas e detenção de crianças
Após recordar que, há poucos dias, se assinalou o 74.º aniversário da Nakba, data que recorda a violenta expulsão de centenas de milhar de palestinianos das suas casas e terras, que acompanhou a criação do Estado de Israel, João Pimenta Lopes reforça que, "desrespeitando inúmeras resoluções das Nações Unidas, a colonização ilegal levada a cabo pelas autoridades israelitas prossegue nos dias de hoje".
"Uma política de colonização que é acompanhada por violentas ações sobre a população palestiniana na margem ocidental e na faixa de Gaza, pelos 'check points' que humilham e impedem a vida normal de milhares de palestinianos, pela detenção de ativistas palestinianos, incluindo de centenas de crianças, pela imposição do bloqueio a Gaza, com as suas dramáticas consequências para as condições de vida da população que ali vive", relatou ainda o eurodeputado, a propósito da visita da próxima semana.