O ex-chefe da Marinha da Guiné-Bissau Bubo Na Tchuto, capturado pelos Estados Unidos numa ação anti-droga no ano passado, declarou-se culpado.
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Fonte ligada ao processo, citada pela agência Lusa, diz que a confissão aconteceu em maio e que o guineense tomou esta decisão para conseguir uma redução da pena, que pode ir até prisão perpétua.
A fonte diz que, neste momento, decorrem as negociações entre a acusação e defesa, mas que estas conversas acontecem "de forma muito discreta" e não há previsão para o seu término.
A advogada de Na Tchuto, Sabrina Shroff, o Tribunal Distrital dos EUA em Manhattan e a Procuradoria da mesma cidade não responderam às perguntas da Lusa ou recusaram comentar o caso, dizendo que "não há nada que seja do domínio público" neste momento.
Dois ajudantes do antigo chefe de Estado da Armada da Guiné-Bissau, Tchamy Yala e Papis Djeme, já tinham admitido ser culpados em abril.
O embaixador da Guiné-Bissau para a Organização das Nações Unidas (ONU), João Soares da Gama, disse à agência Lusa que a confissão de Na Tchuto "é boa e má para a Guiné-Bissau".
"Por um lado, afeta negativamente a imagem do nosso país, que já está muito fragilizada. Mas, por outro lado, manda uma mensagem clara para os traficantes. Diz que quem incorrer nesta atividade será perseguido e julgado e que a comunidade internacional está atenta", sublinhou Soares da Gama.
Na Tchuto, Yala, Djeme e outros dois guineenses - Manuel Mamadi Mane e Saliu Sisse - foram detidos em águas internacionais perto de Cabo Verde por uma equipa da agência de combate ao tráfico de droga norte-americana em abril do ano passado.
Antes da confissão, os homens enfrentavam a possibilidade de ser condenados a prisão perpétua, sob a acusação de conspirar para importar e distribuir cocaína para os Estados Unidos.
Segundo a acusação, Na Tchuto cobrava um milhão de dólares norte-americanos por cada tonelada de cocaína da América do Sul recebida na Guiné-Bissau.
Além da detenção do antigo militar guineense, a justiça dos EUA manifestou também intenção de deter o atual chefe das Forças Armadas, António Indjai, que entretanto já reafirmou por mais de uma vez refutar as acusações de tráfico de droga.