Ex-padre em Timor-Leste condenado a 12 anos de prisão por abuso sexual de menores
Várias mulheres acusaram Richard Daschbach de as forçar a ter relações sexuais quando eram crianças. Crimes ocorreram numa instituição católica em Oecusse, em Timor-Leste.
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Richard Daschbach foi condenado a 12 anos de prisão pelo Tribunal Distrital de Oecusse, esta terça-feira. O antigo padre, natural dos Estados Unidos, estava acusado de vários crimes de abuso sexual de menores, cometidos num orfanato.
A pena de prisão foi determinada tendo em conta cinco crimes de abusos de menores de 12 anos e a idade do arguido, que já conta com 84 anos.
O juiz absolveu Daschbachd da prática do crime de pornografia infantil, mas a pena de prisão preventiva foi aplicada de imediato. Ficou ainda definido o pagamento de uma compensação financeira de quatro mil dólares a cada uma das cinco vítimas dos abusos.
O advogado de defesa considerou injusta a condenação do ex-padre, anunciando que vai recorrer. "Depois de recebermos o acórdão do juíz, a defesa vai recorrer. Ainda não é esta a decisão final", disse à Lusa o advogado Miguel Faria.
Vítimas pedem justiça
Numa mensagem lida por Hildegardis Wondeng, à porta do tribunal, as vítimas de Daschbach enaltecem o facto de terem a oportunidade de se erguer, mas pedem que a justiça seja dura com o antigo padre.
"Procuramos palavras para nos expressar, mas não consigo encontrar palavras que possam refletir a destruição que ele causou, o sofrimento que nos causou e às nossas famílias, e a manipulação que fez à comunidade de Oecusse e a grande parte de Timor-Leste", refere o texto lido no final do julgamento.
As vítimas dizem que querem evitar mais sofrimento no futuro e poder "seguir em frente livre do sofrimento que Richard Daschbach causou".
Já a associação que representa as vítimas no processo anunciou que vai recorrer da condenação, defendendo uma pena de 30 anos.
"De facto, considerando a gravidade dos crimes, o acusado deveria ter sido condenado à pena máxima prevista em Timor-Leste: 30 anos de prisão. As vítimas não concordam com a punição dada pelo Tribunal e nós apresentaremos um recurso", apontou, em comunicado, a JU,S Jurídico Social.
A organização, que recorda que este é o maior caso de violência sexual registado nos tribunais de Timor-Leste, assume que "apesar do veredicto de culpado que é bem-vindo, a pena de 12 anos de prisão o Tribunal não reflete a gravidade do caso".
Apesar da condenação, Daschbach mantém o apoio de várias figuras reconhecidas no país, como é o caso de Xanana Gusmão, que esteve presente no tribunal, informa o site "ABC".
Timor-Leste é conhecido como um dos países do Mundo, sendo que Daschbach foi uma figura chave na luta pela independência do país.
No passado, o antigo padre foi considerado um herói local por ajudar na construção de abrigos infantis que funcionaram ao longo de mais de duas décadas. Daschbach foi expulso da congregação católica em 2019, após admitir o abuso sexual de menores.