O ex-Presidente detido da Geórgia, Mikheil Saakachvili, padece de problemas neurológicos graves devido a torturas e maus-tratos durante a detenção, necessitando de cuidados apropriados, afirmou, este sábado, um conselho independente de médicos.
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Detido em 1 de outubro após o seu regresso de oito anos de exílio na Ucrânia, Saakachvili recusou alimentar-se durante 50 dias em protesto contra a sua detenção após uma condenação por abuso de poder, que considerou movida por motivações políticas.
Aos 53 anos, este ex-dirigente pró-ocidental que ocupou a chefia do Estado entre 2004 e 2013, recomeçou a alimentar-se após ser transferido em 20 de novembro para um hospital militar em Gori (leste), quando diversos médicos consideraram que a sua vida estava em perigo.
Saakachvili desenvolveu diversas patologias neurológicas "que são o resultado de torturas, maus tratamentos, cuidados médicos inadequados e uma prolongada greve de fome", concluiu um grupo de médicos que o observaram enquanto permanece sob detenção.
No final de novembro, quando compareceu perante um tribunal na capital Tbilissi, Saakachvili denunciou as torturas a que foi submetido, incluindo privação do sono e ameaças.
"Todo o mundo sabe que não deveria estar preso, porque todas as acusações contra mim são montadas com todas as peças e constituem considerações políticas", disse. "Fui torturado, tratado de forma inumana, espancado e humilhado", afirmou. Durante a sua greve de fome, perdeu cerca de 20 quilos.
Para a Amnistia Internacional (AI), o tratamento infligido ao antigo Presidente sugere "não apenas uma justiça seletiva mas uma manifesta vingança política".
A detenção deste destacado dirigente da oposição exacerbou a crise política na sequência das legislativas de 2020, segundo a oposição assinaladas por fraudes, e também desencadeou as mais importantes manifestações antigovernamentais em dez anos.
Os defensores dos direitos humanos acusam o Governo georgiano de utilizar os processos judiciais para penalizar os opositores políticos e os meios de comunicação críticos.
O primeiro-ministro Irakli Garibachvili suscitou recentemente uma polémica, ao declarar que o Governo não tinha outra opção que não fosse a detenção de Saakachvili, por este se recusar a abandonar a atividade política.