Ex-primeiro-ministro de Putin e opositor da guerra classificado como "agente estrangeiro"
A Justiça russa adicionou, esta sexta-feira, Mikhail Kasyanov, antigo primeiro-ministro do Presidente Vladimir Putin e atualmente seu opositor, ao registo de "agentes estrangeiros", conceito pejorativo que condena o visado a buscas da polícia e outras medidas punitivas.
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O 'site' do ministério diz que Kasyanov "participou na criação e divulgação de mensagens e materiais de agentes estrangeiros para um círculo ilimitado de pessoas, disseminou informações falsas sobre as decisões tomadas pelas autoridades públicas da Federação Russa e as políticas seguidas" e "opôs-se à operação militar especial na Ucrânia".
Kasianov é também acusado pelo Ministério da Justiça de ser membro do Comité Anti-Guerra Russo, uma associação cujas atividades visam "desacreditar a política externa e interna russa".
Kasyanov tornou-se primeiro-ministro em 2000, depois de Putin ter sido eleito para a presidência, e serviu como chefe do Governo até 2004, quando foi demitido, tendo sido o principal responsável por varias reformas económicas.
Tornou-se uma figura proeminente da oposição depois de deixar o cargo e tentou concorrer à presidência em 2008, mas a sua candidatura foi rejeitada pela comissão eleitoral nacional.
Quando Putin enviou tropas para a Ucrânia, em fevereiro de 2022, Kasyanov deixou o país e deverá estar agora a viver na Letónia.
Em junho de 2022, afirmou, em declarações à agência francesa de notícias AFP, que já não reconhecia o Vladimir Putin com quem tinha trabalhado, admitindo esperar que um dia a Rússia regresse a um "caminho democrático".
O estatuto de "agente estrangeiro" impõe pesadas restrições administrativas às pessoas ou entidades em causa, incluindo a monitorização regular das suas fontes de financiamento, e exige que qualquer publicação, inclusive nas redes sociais, seja acompanhada do rótulo "agente estrangeiro".
O poder russo intensificou a repressão a qualquer voz dissidente desde o lançamento da ofensiva contra a Ucrânia, sendo que quase todos os principais opositores estão na prisão ou exilados no estrangeiro.