Um antigo treinador da seleção de ginástica dos Estados Unidos foi encontrado morto em casa, na quinta-feira, horas depois de ter sido acusado de vários crimes sexuais.
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John Geddert, de 63 anos, estava acusado de 20 crimes de tráfico humano, dois de abuso sexual, um de iniciativa criminosa e outro ainda de falso testemunho, por ter mentido a um agente da Polícia. O corpo de Geddert foi encontrado ao fim da tarde de quinta-feira e não houve dúvidas de que se tratou de um suicídio.
De acordo com a procuradora do Estado do Michigan, que assentou a acusação nos relatos de várias vítimas, todas atletas, o suposto agressor terá abusado sexualmente de duas jovens, de 13 e 16 anos. Terá ainda submetido mais de uma dezena "a trabalhos ou serviços forçados em condições extremas que resultaram em ferimentos e danos". O ex-treinador "negligenciou os ferimentos que foram relatados e usou coerção, intimidação, ameaças e força física para fazer com que as ginastas fizessem o que ele queria", acusou Dana Nessel.
O norte-americano foi ainda acusado de mentir sobre o caso do médico Larry Nasser, com quem mantinha "estreita colaboração" e que foi acusado de abusos sexuais contra 265 ginastas. Acabou condenado, no total, a 175 anos de prisão, em 2018. Nesse ano, John Geddert, que em 2012 conduziu a seleção de ginástica dos Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de Londres, retirou-se do mundo da ginástica, depois de saber que também ele iria ser alvo de uma investigação. Na quinta-feira, horas depois de ter conhecido a acusação, cometeu suicídio.
"Final trágico numa história trágica"
Em comunicado, Sarah Klein, vítima do ex-médico Larry Nassar, descreveu a morte de Gerrart como uma "fuga à Justiça". "A bravura das muitas vítimas de Geddert permanecerá para sempre em total contraste com a covardia", acrescentou. Para Simone Biles, 23 anos, a ginasta mais condecorada dos Estados Unidos, toda esta situação é "repugnante". Um "final trágico numa história trágica para todos os envolvidos", nas palavras da procuradora Dana Nessel.
Em janeiro do ano passado, a Federação de Ginástica dos Estados Unidos anunciou um plano para pagar 215 milhões de dólares (cerca de 176 milhões de euros) ao grupo de atletas abusadas por Nassar. O presidente da Federação, Li Li Leung, reconhece que a confiança dos atletas e da comunidade foi quebrada, garantindo estar a trabalhar "intensivamente" para recuperá-la.