A preocupação do actual presidente com o multilateralismo, que aliás já defendia enquanto candidato é, de acordo com Tiago Moreira de Sá, uma das razões para a atribuição do Nobel.
Corpo do artigo
"Esta preocupação não era a característica mais visível da Administração Bush", refere este docente da Universidade Nova de Lisboa, apontando, em contraste, que "estes nove meses mostram essa tendência consubstanciada nas acções".
"Os textos e os discursos de Barack Obama revelam uma visão da transformação gradual do Mundo de uma polaridade para uma multipolaridade", traduzida pelas potências emergentes, as chamadas BRIC: Brasil, Rússia, Índia e China.
"Tal significa que, independentemente do poderio dos EUA ainda ser predominante, as grandes questões internacionais têm de ser resolvidas com um diálogo permanente e, sempre que possível, em concertação com outras potências mundiais", sublinha.
Considera ainda ter havido, por parte desta Administração, "um esforço de recuperação das Nações Unidas e uma tentativa de valorizar as instituições criadas após a Segunda Guerra Mundial".
Para o investigador do IPRI, o Nobel "é um estímulo e reforça a Presidência de Obama", nos esforços desenvolvidos no Médio Oriente, mas não se deve "esperar grandes avanços no processo de paz israelo-palestiniano". E realça que, não obstante a atribuição do Nobel ser relevante, a resolução das mais complexas questões internacionais "implica um mínimo de tempo para se ver resultados satisfatórios".