O governo da Somália executou, esta segunda-feira, um jornalista e antigo porta-voz do grupo extremista Al-Shabab, Hassan Hanafi, condenado à morte há um mês por um tribunal militar por participação em assassinatos de pelo menos seis jornalistas somalis.
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O jornalista, que foi detido no Quénia em 2014 e extraditado para a Somália, juntou-se ao Al-Shabab em 2008 depois de trabalhar para a Radio Andalus, uma emissora utilizada pelo grupo para difundir a sua propaganda.
Poucas horas depois da sua execução em Mogadíscio, um carro armadilhado rebentou num hotel próximo da sede do governo local e matou, pelo menos, sete pessoas.
Segundo o tribunal militar, Hassan Hanafi reunia-se com repórteres de órgãos apoiantes do governo federal e ameaçava-os de morte para que não difundissem informações contrárias às da sua organização.
Hassan Hanafi reunia-se com repórteres de órgãos apoiantes do governo federal e ameaçava-os de morte
O jornalista admitiu em julgamento ter matado um repórter.
Depois da sentença ter sido divulgada, o presidente do tribunal, Hasan Ali, explicou à imprensa que Hanafi seria "executado o mais rápido possível", por que o arguido se declarou culpado de todas as acusações.
Hanafi assegurou depois do julgamento que a sua execução não evitaria mortes de outros repórteres, pois o Al-Shabab "está decidido a assassinar todos os jornalistas" que veiculem informações que não sejam do interesse da organização.
A Al Shabab, ligada à Al-Qaida, luta contra o exército da Somália e as forças da Missão da União Africana (AMISOM) para instaurar uma versão muito rígida da 'Sharia' (lei islâmica) e controla grandes zonas do sul e centro do país.
São frequentes os ataques perpetrados por aquele grupo extremista contra edifícios governamentais e zonas de lazer na capital somali para destabilizar o governo federal, ainda dependente da ajuda militar que recebe há vários anos.