O partido de extrema-direita de Espanha Vox vai organizar uma missa a 28 de dezembro, em Sevilha, em memória das "crianças abortadas" durante o ano de 2019. O aborto é legal em Espanha desde 1985 e é permitido até às 14 semanas de gestação.
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O nome da campanha é"Deixe-o nascer" e consiste na organização de uma missa em memória das "crianças abortadas" durante este ano e pelas "mulheres em perigo de exclusão e com pensamentos de abortar". O evento religioso acontece dia 28 de dezembro, sábado, pelas 11 horas, na paróquia de Gelves, em Sevilha.
A iniciativa é organizada pelo grupo municipal do Vox, em Sevilha, que nas últimas eleições municipais elegeu apenas um vereador dos 17 que compõem a câmara municipal da cidade. Na altura, o partido obteve 359 votos, o que corresponde a 7,42%. O PSOE governa a autarquia.
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Através das redes sociais, o Vox de Sevilha apela à comunidade que participe na missa para que deem "assistência a um ato de caridade tão piedoso".
O aborto é legal em Espanha desde 1985 e até às 14 semanas de gestação. Segundo a Agência Lusa, através de dados da Associação de Clínicas Acreditadas para a Interrupção da Gravidez de Espanha, 500 mulheres portuguesas deslocaram-se ao país vizinho para fazer um aborto em 2017.
Algumas terão feito por questões de privacidade, já outras por questões legais, por terem ultrapassado o prazo legal para interromper a gravidez em Portugal (10 semanas).
As mulheres podem ainda abortar até às 22 semanas em casos de mal formação do feto. Em Portugal, o aborto foi legalizado em 2007 através de um referendo.
O Vox é abertamente contra o aborto e tem vincado frequentemente a sua posição em várias entrevistas e comícios.
Em outubro deste ano, Santiago Abascal, líder do partido de extrema-direita, classificou o aborto como um assassinato, em entrevista ao canal televisivo "La Sexta". "A prática do aborto, como está legislada, significar acabar com a vida de outras pessoas", afirmou.
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"Há muitas mulheres que defendem que o corpo é delas, mas o que elas têm dentro não é o corpo delas", acrescentou Abascal na mesma entrevista.
O Vox está em clara ascensão em Espanha: nas últimas eleições, a 10 de novembro, elegeu 52 deputados para o Parlamento e arrecadou 15,1% dos votos, tornando-se a terceira força política do país.
O PSOE, de Pedro Sanchez, que precisa de acordos para formar Governo, não deverá contar com o apoio do Vox.
Santiago Abascal recusou reunir-se com o primeiro-ministro espanhol, por considerar que está a negociar com os "inimigos de Espanha", o ERC (Esquerda Republicana da Catalunha) e o Euskal Herria Bildu (partido nacionalista catalão).