A União Nacional vai apresentar na segunda-feira uma moção de censura ao Governo de Sébastian Lecornu, anunciou este domingo a líder histórica do partido de extrema-direita francês, Marine Le Pen.
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"Amanhã [segunda-feira] apresentaremos uma moção de censura contra o governo. O Presidente da República deve anunciar o mais rapidamente possível a dissolução da Assembleia Nacional (parlamento) para permitir que o povo francês se expresse e escolha uma nova maioria de rutura, que, sem dúvida, será liderada por Jordan Bardella [presidente da União Nacional]", lê-se numa publicação de Marine Le Pen na sua conta oficial na rede social X, partilhada pelas 22.20 horas de hoje, hora de Lisboa.
O França Insubmissa, principal partido de esquerda em França, não revelou se votará a favor dessa moção, mas anunciou há uns dias que irá apresentar também uma, o mais brevemente possível.
"Dou um conselho aos recém-chegados: não se instalem tão depressa. A moção de censura está a caminho e depois será Macron a sair", afirmou a líder parlamentar da França Insubmissa, Mathilde Panot, citada pela agência espanhola EFE.
O Partido Socialista, fundamental para que uma moção vingue ou para que o governo de Lecornu se mantenha, não deu indícios do que fará, embora o seu líder, Olivier Faure, tenha dado sinais de descontentamento após o anúncio da formação do novo executivo, com uma breve mensagem em inglês: "No comment" (sem comentário, em português).
O segundo governo de França liderado por Sébastien Lecornu, que inclui ministros que já integravam o primeiro executivo, apresentado há uma semana e que durou apenas 14 horas, foi hoje anunciado pela presidência francesa.
Entre os novos ministros destaca-se o chefe da polícia de Paris, Laurent Nuñez, nomeado para a pasta da Administração Interna.
Entre os repetentes no executivo estão o ministro da Economia, Roland Lescure, o dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noël Barrot, e a até agora ministra do Trabalho, Catherine Vautrin, que transita para a pasta da Defesa.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, reconduziu Sébastien Lecornu no cargo de primeiro-ministro, na sexta-feira à noite, quatro dias após este ter apresentado a sua demissão ao fim de um mês no cargo.
Rivais de todo o espetro político, da extrema-direita à extrema-esquerda, criticaram a decisão de Macron de reconduzir Lecornu, o quarto primeiro-ministro de França em menos de um ano, numa altura em que o país enfrenta desafios económicos crescentes e um forte aumento da dívida, e a crise política agrava as dificuldades, gerando preocupação na União Europeia.
França ainda não tem um orçamento para 2026. De acordo com a Constituição, o parlamento deve dispor de pelo menos 70 dias para examinar um projeto de orçamento antes de 31 de dezembro. Assim sendo, Lecornu tem até segunda ou terça-feira para apresentar um documento.
Vários meios de comunicação social franceses noticiaram que não haverá reunião do Conselho de Ministros na segunda-feira, razão pela qual não será possível aprovar o projeto de orçamento para 2026 e a Assembleia Nacional (parlamento) poderá não ter margem legal suficiente para o debater e aprovar antes de 31 de dezembro.
Sébastien Lecornu referiu hoje que tem um novo Governo "de missão", para apresentar um orçamento "antes do final do ano".