Extrema-direita vence em França, Macron pede aliança e Esquerda evita dispersar votos
A União Nacional venceu hoje a primeira volta das legislativas francesas, com a lista apoiada por Macron a ficar em terceiro lugar, atrás da esquerda. O presidente já pediu uma aliança dos democratas e Mélenchon, da França Insubmissa, anunciou a retirada de alguns candidatos, para não dispersar votos.
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As projeções atribuem à União Nacional 34,5% dos votos, contra 28,5%-29,1%, para a aliança de esquerda Nova Frente Popular, e 20,5%-21,5%, para o campo centrista de Macron, nas eleições mais concorridas em mais de quatro décadas.
As sondagens dão uma maioria parlamentar à União Nacional na segunda volta, a 7 de julho, apesar de não ser claro se o partido de Le Pen consegue uma maioria absoluta na câmara baixa do Parlamento, que dê a possibilidade de reclamar o cargo de primeiro-ministro para Jordan Bardella.
O presidente Emmanuel Macron já apelou a uma aliança "alargada" contra a extrema-direita na próxima semana. "Perante a União Nacional, chegou o momento de uma aliança ampla, claramente democrática e republicana para a segunda volta", afirmou em comunicado. A elevada taxa de participação na primeira volta demonstra "a importância desta votação para todos os nossos compatriotas e o desejo de clarificar a situação política", conclui o presidente francês.
Macron sofreu uma derrota "pesada e indiscutível", considerou Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa, revelando, no entanto, que o seu partido vai retirar os candidatos nos círculos eleitorais onde ficou em terceiro lugar e onde o partido de extrema-direita está a liderar, antes da segunda volta das eleições legislativas. "As nossas instruções são simples, diretas e claras. Nem mais um voto, nem mais um lugar para a União Nacional", acrescentou Melenchon.
Le Pen pediu uma maioria absoluta para a extrema-direita na segunda volta, tal como o fez Jordan Bardella, da União Nacional, que pretende ser primeiro-ministro, depois da votação da próxima semana.
O "bloco macronista" foi "praticamente aniquilado", afirmou a líder do partido, apelando ao povo francês para que dê ao partido de extrema-direita "uma maioria absoluta". Os franceses mostraram "o seu desejo de virar a página de sete anos de poder desdenhoso e corrosivo" do chefe de Estado Emmanuel Macron, disse Le Pen, eleita na primeira volta no seu círculo eleitoral no Norte.
Primeiro-ministro apela a eleitores para que não deem "nem um único voto" à extrema-direita
O primeiro-ministro francês e candidato pela coligação presidencial, Gabriel Attal, apelou aos eleitores para que não deem "nem um único voto" ao partido de extrema-direita União Nacional, que ficou à frente na primeira volta das eleições legislativas.
"Digo isto com a força com que apelo a todos e a cada um dos nossos eleitores, nem um voto deve ir para a União Nacional, nestas circunstâncias, a França merece que nunca hesitemos", disse Gabriel Attal, numa intervenção após a projeção dos resultados das eleições legislativas, em Paris.
Segundo o primeiro-ministro, o desafio na segunda volta das eleições legislativas, no próximo domingo, 07 de julho, é "privar a extrema-direita de uma maioria absoluta", para que seja constituída uma Assembleia Nacional em que o seu partido possa ter "peso suficiente para construir maiorias de projetos e ideias entre as forças republicanas".
Hollande pede "união mais ampla possível" contra extrema-direita
O ex-presidente francês François Hollande, candidato nas legislativas francesas pela coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP), que engloba o Partido Socialista, apelou hoje à "união mais ampla possível" para a segunda volta contra a extrema-direita.
Esta união deve ser "o mais ampla possível", disse, apelando a todos os eleitores, "para além da esquerda", para que defendam os valores republicanos, tornando possível uma Assembleia Nacional que respeite os direitos humanos.
"O Presidente da República parece ter desaparecido. A maioria está em frangalhos", afirmou Hollande, salientando que a esquerda é a única alternativa para encarnar a defesa da República.
No seu próprio círculo eleitoral, o primeiro do departamento de Corrèze, na Nova Aquitânia, Hollande passará para a segunda volta na liderança, com 37,63% dos votos. Passarão igualmente à segunda volta a candidata do RN e o candidato do conservador Os Republicanos (LR).
"Nada foi fácil, porque foi preciso convencer que o momento era grave, que estávamos na situação de uma extrema-direita às portas do poder. Ao mesmo tempo trouxemos esperança, mas temos o dever imperioso de garantir que a extrema-direita não consegue ter maioria na Assembleia Nacional", sublinhou.